COMÉRCIO EXTERIOR
Comércio internacional nada mais é que a troca de bens e serviços entre as nações. Este comércio internacional configura uma rede cada vez mais densa de relações entre países.
O comércio internacional traz a noção de que os países se beneficiam (economicamente) com as trocas mútuas e também de que as trocas internacionais contribuem para o bem estar (econômico) da população mundial.
Comércio internacional e comércio exterior têm significados ligeiramente distintos. O comércio internacional diz respeito às trocas entre todos os países, ou seja, considera o mundo como um todo. Naturalmente, tudo que é exportado é importado. Portanto, o volume das exportações tende a se igualar ao volume das importações mundiais. Esta equivalência não é exata na prática, devido a erros e omissões nas estatísticas. Mas, em princípio, há uma equivalência.
Já o comércio exterior diz respeito ao comércio de um país (o Brasil, por exemplo) com o resto do mundo. A forma de análise muda, pois no nível de cada país, não há uma equivalência entre as exportações e as importações — um país pode exportar mais do que importa e vice-versa. Em geral, os países desejam exportar mais do que importar, pois a exportação é uma forma de obter moeda estrangeira e pagar pelas importações. O país irá vender seu excedente e comprar os produtos de que necessita de outros países.
Como o Brasil se insere na rede de comércio internacional? Este é o objeto de estudo do comércio exterior brasileiro. Lembrando que o comércio exterior diz respeito à relação do país com o resto do mundo.
A Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades de comércio exterior brasileiro. Entre suas atividades estão: participar das negociações dos acordos comerciais internacionais do governo brasileiro, promover a cultura exportadora, deferir atos concessórios de drawback, anuir operações de exportação e importação, promover o exame de similaridade para averiguação de produção nacional, compilar a balança comercial, promover a defesa comercial do país, entre outras.
A maior parte das exportações brasileiras está relacionada a produtos do agronegócio. Atualmente, os itens mais importantes são relacionados ao agronegócio, carne e minérios.
As commodities são produtos genéricos, indiferenciados, negociados em bolsa. De modo geral, matéria prima (produtos agrícolas e pecuários, minério, etc.).
As importações brasileiras concentram-se em máquinas, equipamentos, produtos manufaturados e automóveis.
Os principais parceiros comerciais do Brasil são a China (principal), os países da União Europeia, os EUA e o Japão. De modo geral, se a economia destes países cresce, as exportações brasileiras tendem a crescer.
A queda das exportações brasileiras indica queda da demanda externa por produtos brasileiros. A queda das importações indica uma queda da demanda interna, uma redução da atividade econômica do país. A queda das importações significa que o Brasil está importando menos insumos e mercadorias.
Importância do Comércio Exterior
Regiões mais desenvolvidas são também mais associadas ao desenvolvimento do comércio. Quanto maior o comércio, maior o desenvolvimento das atividades econômicas.
A exportação alavanca a produção nacional, gerando mais produção e mais emprego, além de gerar mais recursos (moeda) para importação. Idealmente, o país deseja exportar mais do que importar, pois isto gera um superavit.
A importação também pode alavancar a economia nacional, pois pode incentivar o comércio interno e fomentar uma maior competitividade entre as empresas.
O comércio exterior tem impacto em várias áreas da economia de um país. Quanto ao equilíbrio macroeconômico e o crescimento do PIB, por exemplo, observa-se que quanto maior o volume de exportações, maior o volume de moeda estrangeira disponível e maior tende a ser o nível de atividade econômica.
Tanto a exportação quanto a importação geram benefício sociais e econômicos para os países envolvidos. Para os países exportadores, há geração de renda e de empregos. Além disso, a exportação permite a ampliação dos mercados consumidores das empresas nacionais, pois as exportações aumentam o mercado, que passa a englobar, além do mercado interno, as vendas adicionais para outros países. O aumento do mercado permite ganhos de escala e aumentos de produtividade. As empresas conseguem maior utilização de suas capacidades produtivas e redução dos custos (lembrando que, se houver economias de escala, quanto maior a produção, menores os custos). Como resultado, as exportações levam a uma maior eficiência e competitividade em custos.
Para os países importadores, também há benefícios, sendo que um deles é o atendimento ao mercado consumidor — os consumidores têm acesso a uma maior variedade de bens e serviços. As importações também permitem o acesso a uma maior diversidade de fornecedores de insumos e matérias-primas. A importação propicia o acesso a bens que não estão disponíveis no país ou a bens com menor custo.
Como se dá o comércio exterior?
Quando dois países resolvem estabelecer relações comerciais, estas relações não se dão automaticamente. De alguma forma, os dois países devem se aproximar diplomaticamente e estabelecer vínculos políticos e operacionais que permitam o comércio. Ou seja, devem existir acordos entre os países para que existam relações comerciais.
Aproximação bilateral entre países
Inicialmente, dois países se aproximam diplomaticamente e estabelecem vínculos operacionais. Num segundo momento, as empresas estabelecem relações comerciais. Efetivamente, o comércio exterior é exercido pelas empresas, que vendem e compram mercadorias e serviços. As empresas estabelecem relações comerciais e firmam contratos — são elas as responsáveis pelo envio de mercadorias e pelos pagamentos. No entanto, para que haja o envio de mercadorias e o recebimento de pagamentos, deve-se estabelecer um ambiente institucional favorável, criado pelos governos dos países. Cada país estabelece suas regras de entrada e saída de mercadorias e acordos devem ser estabelecidos para permitir o comércio.
No comércio exterior, existem ações que são próprias das empresas e ações que são próprias do governo. Em resumo, as operações das empresas se dão num ambiente institucional, que é promovido pelo país.
Entre as ações próprias das empresas, têm se a adequação das mercadorias aos regulamentos do país importador; o estabelecimento de contratos com o importador; a solicitação de adequação das mercadorias, entre outras. As empresas preocupam-se com os aspectos operacionais, como contratos, transporte, logística (armazenagem e transporte), pagamentos, seguros.
Já as ações próprias do Governo estão mais concentradas no estabelecimento de regulamentos administrativos, aduaneiros e cambiais. É de responsabilidade do governo fixar impostos na importação, assinar tratados comerciais com outros países, fiscalizar os procedimentos das empresas (cumprimento da legislação), etc.
- Regulamentos administrativos — normas referentes às mercadorias, padronizações, procedimentos de exportação/importação. Regulamentos compõem todas as regras a serem cumpridas pelas empresas exportadoras e importadoras.
- Regulamentos aduaneiros — alfândega, despachos, procedimentos realizados pelas empresas, autorização de recebimento ou envio de mercadorias. Despacho aduaneiro: procedimentos a serem cumpridos no processo de saída e entrada de mercadorias.
- Regulamentos de natureza cambial — envio e recebimento de divisas, moeda estrangeira.
- Definição dos tributos a serem pagos — taxas e impostos cobradas do importador são, geralmente, maiores do que as cobradas no mercado interno.
- Regulamentos técnicos — especificações das mercadorias para garantir que importações estão de acordo com necessidades do mercado e não causam danos (ambiental, saúde, etc.)
Documentos associados ao comércio exterior
A documentação fiscal e administrativas em operações de comércio exterior são exigências do governo em relação a documentos que devem ser apresentados para legalização do processo de compra e venda internacional.
A documentação comercial relaciona-se às exigências das empresas, entre exportadores e importadores, sendo relativa à ação da empresa.
Relações entre os países
Países se aproximam de forma bilateral, criando vínculos de comércio. Cada país estabelece suas regras de comércio exterior. O comércio internacional depende de movimentos diplomáticos, de natureza política, que estimulam as trocas entre países.
Nos processos de integração econômica, os países criam blocos com facilidades exclusivas para membros, estimulando e facilitando o comércio. Ex.: União Europeia, Mercosul.
Organização Mundial de Comércio (OMC): organização pública. Principal organismo mundial para promoção do livre comércio internacional. Administra vários tratados entre países para promover o livre comércio internacional.
Câmara de comércio internacional: iniciativa privada. Visa auxiliar as empresas no comércio internacional.
A área do Comércio Exterior
Necessita uma visão sistêmica e completa da organização. Relaciona-se a diversos departamentos de uma empresa — interação com área financeira, produção (normas, prazos), logística (transporte), etc.
Atividades que englobam negócios transnacionais — compra e venda de mercadorias — formulários e documento, questões alfandegárias.
Transações cambiais, despacho e legislação aduaneira. Geralmente contrata-se uma despachante aduaneira — empresa que presta serviços de operações de exportação/importação.
Prospecção de mercados — planejamento de ações, negociação e execução de operações legais, tributárias e cambais.
Logística internacional: Controle do fluxo de embarque e desembarque de produtos, providência de documentos para envio e recebimento de mercadorias, identificação dos melhores meios de transporte (modais de transporte mais utilizados são o marítimo e o aéreo)— com o objetivo de otimizar recursos financeiros e humanos.
Maior parte do comércio internacional é feito através do transporte marítimo. Outras formas de transporte: aquaviário (lacustre), fluvial (rios), aéreo (cargas menores e mais valiosas), rodoviário e ferroviário.
Intensidade do transporte de cargas no mundo — fluxo de mercadorias, transações e trocas de mercadorias entre mercadorias. Mostra grau de inter relação e dependência entre as economias.
Principais áreas do conhecimento:
- legislação aduaneira;
- rotinas de exportação e importação;
- direito internacional;
- marketing e negociações internacionais;
- logística internacional — fluxo de mercadorias;
- riscos e seguros de transporte — incoterms são os termos que regem o comércio internacional;
- câmbio e operações bancárias;
- financiamentos e garantias.
Blocos econômicos — criados para facilitar o comércio entre países. Ex.: União Europeia, NAFTA, Mercosul
Fatores determinantes do comércio internacional
O que leva as empresas a comercializarem com outros países? Basicamente, determinantes associados a custos.
Custos:
- diluição do custo fixo das empresas — quanto mais as empresas produzem e ocupam sua capacidade produtiva, menor o custo fixo médio. Ociosidade da capacidade produtiva é um custo que pode ser reduzido com a venda para outros países.
- diluição do custo irreversível — ex.: custo de desenvolvimento de software. Aumentando mercado.
- custo de suprimentos — terceirização reduz custo unitário da produção. Mão de obra em países subdesenvolvidos é menor, fabricação de produtos nestes países reduz custos.
- Efeito Wal-Mart — busca por redução de custos. Empresas pressionam fornecedores para reduzir custos — empresas buscam fornecedores que ofereçam os preços mais baixos, fora do país. Wal-Mart, para manter os preços mais baixos do mercado, pressiona fornecedores, paga salários pequenos e discrimina seus empregados (livro de Charles Fishman).
Concorrência:
- incentivos da concorrência — um concorrente incentiva os outros, torna mercado mais competitivo. Incentivos da concorrência: se um concorrente da empresa investir em um país. Competição se dá em escala global
- retaliação — se uma empresa competidora entra no mercado da empresa, esta também entrará no mercado da primeira. “Chumbo trocado”.
- suprimentos — terceirização. Concorrência por insumos e recursos. Empresas transferem a produção para outros países com suprimentos mais baratos para manter a competitividade. Ex.: produção na Índia, China.
Fatores de mercado
- gosto do consumidor — cada vez mais globalizado. Ex.: Mc Donalds. Oferta global de produtos e demanda por produtos de outros países.
Fatores tecnológicos
- facilidade de comunicação e transferência de informações.
- Ex.: Thomas Friedman — O Mundo é Plano. Defende que não existem mais barreiras entre países.Competição entre empresas e competição por empregos em escala global — facilidade de comunicação e transferência de informações tornam cada vez menos importante o local onde a pessoa está.
- facilidade de encontrar fornecedores. Ex.: Internet facilita o contato com fornecedores potenciais.
Teorias do Comércio Internacional
Visam explicar por que os países praticam o comércio entre si. Teoria mais comumente utilizadas para explicar o comércio bilateral entre países são a teoria das vantagens absolutas e vantagens comparativas, da dotação de fatores e do ciclo de vida do produto.
Teoria da vantagem absoluta de Adam Smith
Tem origem no livro A Riqueza das Nações de Adam Smith, publicado em 1776. Basicamente, postula que se um país estrangeiro pode oferecer determinada mercadoria a preços menores do que o custo de produção no próprio país, é melhor importar este produto, pagando com os resultados da própria indústria, empregada de forma que se tenha alguma vantagem.
A vantagem absoluta é a capacidade de produzir mais com uma certa quantidade de recursos = melhor tecnologia.
Princípio da vantagem absoluta.
Ex.: a um mesmo custo de produção, o Brasil produz 20 mil unidades de soja ou 2 unidades de equipamentos; e a China produz 15 mil unidades de soja ou 5 unidades de equipamentos. O Brasil possui vantagem absoluta na produção de soja e a China possui vantagem absoluta na produção de equipamentos. O melhor para ambos os países é que as empresas brasileiras produzam soja e as empresas chinesas produzam equipamentos.
A empresa de um país tem uma vantagem absoluta se consegue produzir mais bens que a de outro país consumindo a mesma quantidade de recursos — pode-se dizer que o foco da teoria das vantagens absolutas é o foco na indústria que possui a maior eficiência possível.
Ex.: Tigres Asiáticos são especializados em produção de tecnologia, Brasil é especializado em soja, Oriente Médio é especializado em petróleo. Cada país tem uma vantagem absoluta nestes produtos e tende a importar os demais.
Teoria da vantagem comparativa de David Ricardo
1815
A vantagem comparativa é a capacidade de produzir uma certa quantidade de produto com menor custo de oportunidade.
Segundo esta teoria, as nações só realizam comércio entre si desde que possam produzir certas mercadorias de modo relativamente mais eficiente do que as outras.
Ex.: em um mesmo período de tempo, o Brasil produz 3 unidades de equipamento e 21 toneladas de trigo; a China produz 5 unidades de equipamentos e 25 toneladas de trigo. A China possui vantagem absoluta em ambos os produtos, por esta teoria, os países não fariam negócio. Mas a China possui vantagem comparativa na produção de equipamento (custo de 1 equipamento = 5 ton de trigo) e o Brasil possui vantagem comparativa na produção de trigo (custo de 1 equipamento = 7 ton de trigo). Neste caso, ambos podem se beneficiar do comércio, com China vendendo equipamentos em troca de trigo e vice versa.
Grande parte das empresas especializa-se na produção de certos produtos em que têm vantagem comparativa.
Teoria da dotação de fatores de Heckscher-Ohlin
Um país possui vantagem comparativa em relação a outros se for naturalmente dotado de maior abundância de um dos fatores econômicos empregados na produção.
Usam teoria das vantagens comparativas de Ricardo e consideram a eficácia de um país em empregar recursos. Ex.: diferenças de dotação de mão de obra.
Amplia a ideia da vantagem comparativa — mesmo quando países possuem tecnologia idêntica, alguns terão vantagem comparativa em relação a outros porque são dotados de maior abundância de determinado fator de produção.
Quatro fatores de produção que determinam a diferenciação: terra, mão de obra, capital e capacidade empreendedora. Se um país possui maior abundância de dado fator, ele possui vantagem em relação aos demais.
Ex.: Argentina — abundância de pastagens, vantagem comparativa na produção de carne. EUA — abundância de capacidade empreendedora, vantagem comparativa na inovação e produção intelectual. Índia — abundância de mão de obra treinada, vantagem comparativa na prestação de serviços.
Ciclo de vida do produto internacional de Raymond Vernon
Explica desenvolvimento do comércio internacional em 3 etapas:
Primeira etapa —inovação, desenvolvimento e produção no mercado interno. Uma empresa cria um novo produto para satisfazer uma necessidade de seu mercado interno. Geralmente, esta etapa ocorre num país desenvolvido, com maior capacidade de inovação. Com o passar do tempo, número de consumidores se estabiliza. Assim que o produto ganha aceitação, ele começa a ser exportado para outros países desenvolvidos, com mercados consumidores semelhantes.
Segunda etapa — expansão internacional do mercado e atração de concorrentes. As vendas em outros países desenvolvidos crescem e concorrentes locais observam quantidade suficiente de consumidores que justifica produção de imitações do produto original. Assim, produto que antes era importado, começa a ganhar concorrentes locais. As vendas aumentam ainda mais e o processo de fabricação se desenvolve (custos, domínio da tecnologia, qualidade). Há uma pressão por redução dos custos, em parte resultado da concorrência. Ao mesmo tempo, camadas mais ricas dos países em desenvolvimento começam a importar o produto, dando origem a um novo mercado consumidor.
Na terceira etapa — migração da produção. O processo de fabricação é mais bem conhecido, o produto deixa de ser uma inovação, sua fabricação torna-se mais fácil. Diante da concorrência, surge pressão para redução de custos, via economias de escala. Países desenvolvidos começam a ver oportunidades nos países em desenvolvimento, a produção neste últimos é mais barata — o custo da mão de obra tende a ser menor. Os produtos passam a ser produzidos nos países menos desenvolvidos e a serem exportados para os países desenvolvidos. Aos poucos, toda a produção é deslocada para os países menos desenvolvidos.
Ex.: televisão. Criada na Inglaterra, comercializada inicialmente em outros países desenvolvidos (Europa, EUA, Japão, etc.) e migração da produção para países do Sudeste Asiático.
Teoria do cluster de Michael Porter
Década de 1990. Não é uma propriamente uma teoria de comércio internacional, mas ajuda a explicar o sucesso de certas regiões/países no desenvolvimento de uma vantagem mundial absoluta ou comparativa em determinada tecnologia ou produto, apesar da ausência de vantagem específica em qualquer dos fatores de produção.
Existência de clusters (agrupamentos geográfico de empresas de um mesmo setor) é um dos fatores responsáveis pela vantagem de países ou regiões, além da presença e apoio de setores correlatos (os fornecedores).
Ex.: polo moveleiro de Ubá — produtores de móveis e fornecedores de insumos agrupados em regiões próximas. Outros polos: confecção, calçados, etc.
Ex.: Vale do Silício — cluster de empresas de tecnologia na Califórnia (Google, Apple)
Agrupamento geográfico de empresas permite interação e trocas de know-how entre elas. Transmissão de conhecimentos, técnicas, informações. Sejam as empresas parceiras ou concorrentes (ex.: conhecimentos e técnicas podem ser transmitidos via migração de profissionais).
A concorrência local nos clusters estimula as empresas a acelerarem o processo de inovação.
Potencializa crescimento de empresas — fomento do desenvolvimento e das inovações, empresas parceira e competidoras, centros educacionais, ambiente institucional, acesso à tecnologia. Maior competitividade não apenas no mercado nacional, mas também no mercado internacional.
Métodos de Entrada em Mercados Estrangeiros
Alternativas para buscar mercados a partir do momento em que a empresa decide entrar no comércio exterior.
Fatores estratégicos de entrada que a empresa deve conhecer:
- tamanho do mercado — empresa deve conhecer tamanho de seu mercado potencial, tamanho do público consumidor
- crescimento do mercado — mercado pode ser pequeno num primeiro momento, mas com tendência de crescimento ao longo do tempo
- fatia de mercado potencial
- tipo de produto — tipo de concorrência e demanda do produto a ser exportado
- estratégia de mercado — empresa com vendas esporádicas, experimentais, estratégia de internacionalização
- disposição da empresa para se envolver com o comércio exterior — disponibilidade de investimentos (tempo, dinheiro, etc.)
- características do país-alvo — cultura, normas, leis, ambiente regulatório
- horizonte de tempo considerado — prazos definidos pela empresa
Alternativas de Entrada Estratégica:
A partir do momento que a empresa toma uma decisão, ela tem duas alternativas: produção doméstica ou produção no exterior.
Produção doméstica
A empresa toma a decisão de produzir internamente em seu país, podendo realizar a exportação indireta ou a exportação ativa.
- Exportação indireta:
A empresa exportadora utiliza serviços de outra empresa, cuja função é encontrar compradores para seus produtos em outros mercados. Requer a participação de uma empresa mercantil, que adquire mercadorias no mercado interno para posterior exportação. O esforço não é feito diretamente pela empresa exportadora, ela utiliza um intermediário. A empresa não está realizando vendas diretamente no mercado exterior.
Os meios alternativos de exportação indireta são via empresa comercial exportadora (ETC), empresa de gestão de exportações (EMC) ou vendas e reboque (Piggy-Backing).
Via Empresa comercial exportadora — Export Trading Companies (ETCs). Uma outra empresa compra a mercadoria no país exportador e revende para consumidores em países estrangeiros — atua como intermediária. O vendedor considera a transação como uma venda doméstica (não participa diretamente do processo de exportação, que é feito pela outra empresa). A ETC também considera a transação como uma compra doméstica. ETCs são geralmente empresas de grande porte, com grande estrutura comercial, e lucram com a transação (compra e revenda). ETCs são recomendadas quando a empresa não tem experiência com transações internacionais e quando a intermediária é especialista em outra área geográfica (contatos no exterior, networking). Não vão recomendadas para empresas com metas a longo prazo — se objetivo é entrar em outro país e vender o produto por longo tempo, não se recomendam usar intermediários. Recomendada para vendas pontuais, esporádicas e quando não há interesse em participar diretamente do processo de exportação
Via Empresa de Gestão de Exportações — Export Management Corporations (EMCs). Geralmente, estão localizadas no país exportador e operam como representantes do fabricante em suas vendas para o exterior. EMCs são geralmente empresas de pequeno porte e lucram com a comissão. Correm o risco de serem “engolidas” por empresas de exportação maiores (como as ECTs) em vendas futuras. Também são recomendadas quando a empresa não tem experiência com transações internacionais e não são recomendadas para empresas com metas a longo prazo.
Venda a reboque (Piggy-Backing) — quando uma grande empresa traz seus fornecedores com ela quando constrói uma fábrica no exterior. O exportador bem-sucedido envolve um de seus fornecedores no mercado que desenvolveu. Também conhecida como exportação cooperativa.
- Exportação Ativa:
Neste caso, a empresa realiza venda diretamente no mercado exterior. O que pode ser feito através de agentes, distribuidores ou por meio de uma filial comercial.
Meios de exportação ativa:
- Agentes — geralmente pequenas empresas ou indivíduos, que estão localizados no país de destino (o país importador) e conhecem bem o mercado estrangeiro. Fazem a ponte entre o fornecedor e o país importador, agindo como representantes do fabricante para o exportador do exportador em negociações de venda — a parceria tende a ser de longo prazo. O agente pode ser titular — parte representada pelo agente em um acordo de agenciamento internacional. ex.: o exportador. Pode ser um agente vinculante — pode tomar decisões que obrigam o titular, assumindo compromissos pelo titular. Recomenda-se que o titular evite que seu agente torne-se um agente vinculante, pois poderia significar que o exportador tem operações tributáveis no país que importa.
- Distribuidores: geralmente localizados no país importador. Compram os produtos do exportador para revender. Assume os riscos pela compra e distribuição e arca com custos mais elevados (diferente do agente). Deve ser uma parceria de longo prazo. Produtos distribuídos por esta via têm indicação do distribuidor no rótulo.
Agente ou distribuidor? Escolha depende da regulamentação dos países envolvidos — alguns países não permitem agentes de qualquer tipo. Em geral, a regulamentação para agentes é muito mais restrita do que para distribuidores. Disputas com distribuidores (pessoa jurídica)— leis contratuais. Disputas com agentes (pessoa física) — leis trabalhistas.
- Filial comercial — a empresa monta um escritório no exterior (não há produção), funcionários da firma exportadora. A filial vende as mercadorias no mercado estrangeiro. Os custos são maiores, mas a empresa tem a vantagem de manter o controle sobre suas vendas no exterior, pois não depende de agente ou distribuidoras. Pode ser uma filial de vendas ou de marketing.
Para a exportação ativa, deve-se coordenar as estratégias de exportação direta. A escolha de estratégias vai ser determinada pelo tipo de mercado ou pelas características da empresa ou pelo próprio produto.
A escolha de uma estratégia única para todos os mercado em que a empresa está envolvida (ex.: agentes em todos os mercados) simplifica a gestão das exportações da empresa, mas pode gerar um descompasso com o mercado.
A escolha de estratégias diferentes permite maior flexibilidade para diferentes mercados em diferentes países e tem custos mais elevados.
Produção no exterior
Alternativa para a empresa que não deseja fazer uma venda direta nem indireta é produção no exterior — a fabricação é realizada diretamente no país de destino, podendo ainda aproveitar para exportar para países próximos do destino.
Neste caso, a empresa decide fabricar seus produtos em mercados estrangeiros. A produção no exterior pode ser feita através de fabricação por contrato/subcontrato, licença, franquia, parceria (Joint Venture) e subsidiária.
- Fabricação por contrato/subcontrato — a empresa contrata um fabricante no mercado estrangeiro para fabricar seus produtos. Forma de fabricar no exterior sem necessidade de investir em uma unidade produtiva (não vai precisar montar uma fábrica). A fabricação é feita por terceiros e a empresa se encarrega do marketing e da distribuição de seu produto.
- Licença — a licença é usada quando uma empresa quer exportar sua propriedade intelectual. A empresa que possui um item de propriedade intelectual (patente, direitos autorais, marca comercial, segredo industrial) concede o direito de uso deste item a outra empresa em troca de pagamento (ex.: royalties). Um item de propriedade intelectual é uma mercadoria intangível, protegida pelo governo e por leis e requer autorização para uso e exploração comercial (ex.: licenciamento de produto ou de marca). O licenciado é a parte à qual é outorgado o direito de usar e deve pagar royalties para o licenciante. O licenciante é o proprietário do item que outorga à outra empresa (o licenciado) o direito de uso do item — faz a cessão de uso. No ambiente internacional, o licenciante é o exportador e o licenciado é o importador. Royalty é a importância paga pelo licenciado para o licenciante em troca do direito de uso da propriedade intelectual. Geralmente, o royalty é determinado em função do número de vezes que o licenciado usa a propriedade intelectual (unidades vendidas, produzidas, etc.).
- Franquias — são duas empresas distintas — sendo que a a empresa franqueadora cede os direitos para o franqueado. Franqueador (franchisor) é o proprietário de uma série de itens de propriedade intelectual, ele outorga os direitos de uso para outra empresa em troca de pagamentos. O franqueado paga pelo direito de uso da propriedade intelectual, como marca, métodos de produção, etc. (ex.: Mc Donalds). A franquia é usada quando uma empresa deseja exportar um conjunto de itens de propriedade intelectual. Frequentemente, é usada no setor varejista ou mercados mais relacionados diretamente aos consumidores. Usada quando a empresa exportadora deseja estar presente fisicamente no mercado estrangeiro, mas sem precisar investir capital e assumir riscos.
- Parcerias (Joint Ventures) — neste caso, a diferença da franquia é que uma nova empresa é criada no país estrangeiro, de propriedade conjunta dos parceiros. A partir de duas empresas, uma terceira empresa é criada. O controle acionário pode assumir variadas combinações. Algumas parcerias envolvem 3 ou mais parceiros, mas não é comum. Comumente, tem-se dois parceiros, sendo que um já está no mercado e outro pretende entrar no mercado. Razões para criar uma joint venture: redução de risco, redução de exposição de investimento, benefício das vantagens estratégicas dos parceiros (parceiros são complementares). Governos podem obrigar as empresas a ter como parceiro uma empresa local, buscando gerar melhorias para os cidadãos (países em desenvolvimento). Foram mais populares nas décadas de 80 e 90. Parceiros podem entrar em choque devido a diferenças culturais, divergência de objetivos, falta de comprometimento dos sócios locais, etc.
- Subsidiárias — investimento da empresa é totalmente estrangeiro, não há parcerias com outras organizações. A empresa assume todos os riscos e mantem todo o controle do empreendimento. Também chamada de Empresa de Propriedade Inteiramente Estrangeira — Wholly Owned Foreign Enterprise (WOFE). Requer grande volume de investimento e acarreta maior risco e exposição. Uma desvantagem é o gerenciamento em um país estrangeiro, sem total compreensão das regulamentações e alfândegas locais — ambiente contem mais incerteza. Pode ser a opção mais lucrativas, mas é também a que comporta maior risco.