Coortes e Probabilidades

Caderno de Anotações
4 min readFeb 9, 2024

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Taxas de Crescimento e Pessoas-Ano Vividos

Exemplo de cálculo das taxas de crescimento e pessoas-ano vividos para um período de 10 anos, de uma população hipotética, cuja taxa de crescimento é constante (taxa de crescimento = 0,03):

  • Essa população hipótetica inicia-se com 100.000 pessoas (N(0)), passa a ter 116.183 pessoas no ano 5 (N(5)) e 134.986 indivíduos no ano 10 (N(10)).
  • Essa população hipótetica cresce a uma taxa anual constante de 0,03 (r[0,10] = 0,03).

O Box 1.3 ilustra três formas de cálculo do número de pessoas-ano vividos para essa população;

Em seguida, calcula as taxas de crescimento dessa população hipotética com base em cada uma das três estimativa de pessoas-ano vividos, comparando os resultados com a taxa de crescimento inicialmente definida para a população hipotética.

CONCEITO DE COORTE

  • Quase tão importante quanto o conceito de população é o conceito de coorte em Demografia;

Coorte: conjunto de pessoas com um evento demográfico em comum no mesmo período de tempo;

Geralmente, a coorte também compartilha uma mesma referência geográfica;

  • Coorte de pessoas: coorte de brasileiros nascidos em 1990; coorte de calouros da UFMG 2024;
  • Coorte de entidades: coorte de casamentos celebrados no Brasil em 1975;

Coorte de nascimentos é a mais comum → pessoas que nasceram no mesmo período → a cada aniversário, atingem a mesma idade, todos os anos

  • Pessoas nascidas no mesmo período estão destinadas a passar pela vida juntas no tempo → sempre completarão a mesma idade x no mesmo ano Z.
  • todas as pessoas que nasceram em 1998 completarão 10 anos em 2008 e 20 anos em 2018, e assim por diante…
  • todos os indivíduos (sobreviventes) da coorte de nascidos em 2000 completarão 24 anos em 2024

Obs.: o período de referência da coorte não precisa ser de exatamente 1 ano (ex.: coorte de divórcios ocorridos na década de 1990; coorte de imigrantes brasileiros nos EUA 2003–2005)

Diagrama de Lexis

Para calcular taxas referentes a uma coorte:

  • basta restringir a contagem de ocorrências e pessoas-ano de exposição à coorte;
  • apenas serão consideradas as pessoas que nasceram no período que define o pertencimento à coorte.

Exemplo: coorte de nascidos entre α1 e α2

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS

Probabilidade = chance de um evento ocorrer

Probabilidade ≠ Taxa

Exemplo: probabilidade de um casamento acabar em divórcio para determinada coorte de nascimento:

  • deve-se contar quantos casamentos e quantos divórcios ocorreram naquela coorte
  • frequência relativa” como estimativa da probabilidade de divórcio
  • ou seja, nosso melhor palpite sobre a verdadeira probabilidade implícita de divórcio na coorte é a frequência observada de divórcios
  • estimador de máxima verosimilhança (maximum likelihood)

Estruturas da taxa e da probabilidade em Demografia:

  • taxa = denominador utiliza uma estimativa de exposição ao risco
  • pessoas-ano vividos (estimada pela população do meio do ano)
  • probabilidade = denominador exige que um evento anterior o tenha ocorrido
  • cada ocorrência (numerador) deve ser precedida de um evento anterior (denominador)
  • cada ocorrência (DIVÓRCIO) deve ser precedida de um evento anterior (CASAMENTO)
  • o número de ocorrências não pode ser maior que o número de eventos anteriores (a probabilidade não pode ser maior do que 1, nem menor que 0)

Probabilidades só fazem sentido para coortes e não para populações.

  • probabilidades devem ser calculadas para uma mesma coorte
  • probabilidades para população não resultam em boas estimativas:

Por definição, uma probabilidade deve contar os eventos dentro de uma coorte sob risco de ocorrência desses eventos.

Exemplo: contar número de casamentos e número de divórcios em uma população durante 1 ano:

  • combinar os dois não resulta em uma probabilidade de divórcio, pois não se aplicam à mesma coorte
  • numa população pequena, pode acontecer de não ocorrer nenhum casamento durante o ano, e ocorrer 1 divórcio
  • nesse caso, calcular a probabilidade de divórcio com base na população resultaria em uma probabilidade infinita (resultado absurdo)

Limitações práticas nas análises de coorte:

  • requer informação completa de cada indivíduo, desde o nascimento até a morte (ou até cessar o risco de ocorrência do evento)
  • perda de seguimento, migração para fora da área de estudo
  • tempo muito longo até que a experiência de toda a coorte seja completada → até que a coorte seja extinta, as informações podem já estar ultrapassadas

Informações mais recentes: demógrafos utilizam dados de períodos mais recentes

  • taxas de período: expectativa de vida, taxas de fecundidade, taxas de reprodução, etc.
  • probabilidades: de morrer, de ter filho, de migrar, etc.

Para tanto, baseiam-se no conceito de coorte;

Mas fazem adaptações para lidar com dados de período:

  • Principal adaptação: coortes hipotéticas

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Aprendendo sempre uma coisa nova e esquecendo duas antigas

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