Demanda Agregada e Oferta Agregada

Caderno de Anotações
16 min readJun 16, 2019

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Modelo de demanda agregada e oferta agregada deriva da Grande Depressão da década de 1930. Keynes tentou explicar as flutuações econômicas de curto prazo em geral e a Grande Depressão em particular e seu livro de 1936. Principal mensagem de Keynes é que recessões e depressões econômicas podem ocorrer devido a uma demanda agregada inadequada. Criticou a teoria econômica clássica, pois esta somente pode explicar o efeito de políticas no longo prazo, mas não no curto prazo. Defendeu a necessidade de políticas com vistas a aumentar a demanda agregada, incluindo aumentos nos gastos do governo (déficit fiscal).

Foco: explicar desvios no curto prazo das tendências de longo prazo. Flutuações econômicas de um ano a outro.

Modelo de demanda agregada e oferta agregada é um dos mais utilizados por economistas para analisar flutuações econômicas de curto prazo.

Três fatos sobre as flutuações econômicas:

  1. São irregulares e imprevisíveis — ciclo de negócios. Quando PIB cresce rapidamente, há expansão econômica. Quando PIB cai durante recessões, há problemas econômicos — PIB e investimentos se reduzem e desemprego aumenta. Flutuações são irregulares e quase impossíveis de prever.
  2. Variáveis macroeconômicas flutuam juntas. PIB real é a variável mais comumente utilizada para medir o nível de atividade econômica. Variáveis que medem renda, gastos e produção tendem a flutuar conjuntamente. Ex.: quando PIB cai durante uma recessão, também caem a renda das pessoas, os lucros das empresas, os gastos com consumo, os investimentos, a produção industrial, as vendas do comércio, etc. Ao longo do ciclo de negócios, os gastos com investimentos variam enormemente.
  3. À medida que a produção cai, o desemprego aumenta. Mudanças na produção de bens e serviços são fortemente correlacionadas com mudanças na utilização da força de trabalho. O PIB real reduz e o desemprego cresce.

Explicações para as Flutuações Econômicas de Curto Prazo:

Causas das flutuações e teorias explicativas são controversas.

Pressupostos da Economia Clássica

Variáveis macroeconômicas mais importantes no longo prazo são:

  • PIB real — mede o nível e o crescimento da produtividade;
  • taxa de juros real — relacionada ao funcionamento do sistema financeiro e ao ajuste da poupança e do investimento;
  • desemprego;
  • oferta de moeda — relacionados ao sistema monetário — afeta o nível de preços, a taxa de inflação e a taxa de juros nominal;
  • taxa de câmbio e balança comercial — economia aberta.

A teoria macroeconômica clássica é baseada em duas ideias relacionadas: dicotomia clássica e neutralidade monetária. Segundo a dicotomia clássica, variáveis reais e nominais podem ser analisadas separadamente. As variáveis reais medem quantidades e preços relativos (ex: PIB real, taxa de juros real, desemprego). As variáveis nominais são medidas em termos de preço (nível de preços, oferta de moeda). A neutralidade monetária postula que mudanças na oferta de moeda afetam variáveis nominais, mas não influenciam variáveis reais. No modelo clássico, se a quantidade de moeda disponível em uma economia dobra, os preços e a renda das pessoas também serão duplicados. A mudança seria apenas nominal.

A Realidade e As Flutuações de Curto Prazo

Maioria dos economistas acredita que a teoria clássica descreve o mundo no longo prazo, mas não no curto prazo. Ao analisar mudanças econômicas de um ano a outro, o pressuposto de neutralidade monetária não é adequado. No curto prazo, variáveis reais e nominais são altamente interligadas — mudanças na oferta monetária podem temporariamente pressionar o PIB real para longe de sua tendência de longo prazo. Portanto, a teoria econômica clássica não se mantém no curto prazo. Um novo modelo é então necessário para entender como a economia funciona no curto prazo, abandonando a dicotomia clássica e a neutralidade da moeda e focando na interação entre as variáveis reais e nominais.

O Modelo da Demanda Agregada e da Oferta Agregada

Modelo para flutuações econômicas de curto prazo foca no comportamento de duas variáveis: o PIB real e o nível de preços. O PIB é uma variável real, que mede o total da produção de bens e serviços de todas as empresas de todos os mercados. O nível de preços é nominal e pode ser obtido pelo Índice de Preços ao Consumidor, por exemplo. Por considerar a relação entre estas duas variáveis, o modelo se afasta do pressuposto clássico de que variáveis reais e nominais podem ser estudadas separadamente.

No gráfico que representa o modelo da demanda agregada e da oferta agregada, o eixo vertical apresenta o nível de preços da economia e o eixo horizontal exibe a produção de bens e serviços na economia. Ambos se ajustam de modo que a demanda e a oferta agregadas estejam em equilíbrio — ponto de intersecção entre as curvas.

Curva de demanda agregada — mostra a quantidade de bens e serviços que os consumidores (domicílios, empresas, governo e consumidores externos) estão dispostos a comprar a cada nível de preços.

Curva de oferta agregada — mostra a quantidade de bens e serviços que as empresas escolhem produzir e vender a cada nível de preços.

A Curva de Demanda Agregada

A curva de demanda agregada mostra a quantidade demandada na economia de todos os bens e serviços a cada nível de preços.

Inclinação descendente (alterações ao longo da curva de demanda agregada):

A curva de demanda agregada tem inclinação descendente — um aumento no nível de preços reduz a quantidade demandada — relação negativa entre o nível de preços e o PIB real.

Lembrando que o PIB Y é a soma do consumo C, investimento I, gastos do governo G e exportações líquida NX, tal que Y = C + I + G + NX. Cada um destes quatro componentes do PIB contribuem para a demanda por bens e serviços e dependem das condições econômicas em geral, e do nível de preços em particular.

Porque há uma relação negativa entre o nível de preços e o PIB real? Assumindo que os gastos do governo são fixos, são três os efeitos que explicam esta relação:

  1. Efeito riqueza —consumo. Queda no nível de preços aumenta o valor real do dinheiro, os consumidores ficam mais ricos, incentivando-os a gastar mais, maior quantidade demandada de bens e serviços. Aumento no nível de preços reduz o valor real do dinheiro, o que torna os consumidores mais pobres, reduzindo os gastos com consumo e, em consequência, a quantidade demandada.
  2. Efeito da taxa de juros — investimento. Quando nível de preços é baixo, domicílios necessitam menos dinheiro para comprar o que desejam e retém menor quantidade de moeda. Quando o nível de preços cai, domicílios podem estar mais dispostos a comprar títulos ou aplicar dinheiro na poupança. Bancos usam fundos para oferecer crédito a juros mais baixos, empréstimos ficam mais baratos, incentivando as empresas a obter empréstimos para investimentos. Outro efeito é que os juros mais baixos podem incentivar o consumo, especialmente de bens duráveis. Por outro lado, um alto nível de preços aumenta a taxa de juros, desencorajando os investimentos das empresas e reduzindo a demanda agregada por bens e serviços.
  3. Efeito cambial — exportações líquidas. Mudanças na taxa de câmbio mudam preços relativos de bens domésticos e estrangeiros. Queda no nível de preços causa queda na taxa de juros, o que por sua vez, deprecia a moeda. A depreciação da moeda torna produtos importados mais caros e estimula as exportações, aumentando a demanda agregada.

Em resumo: queda no nível de preços aumenta a demanda agregada porque consumidores estão mais ricos (estimula consumo), taxa de juros cai (estimula investimentos), moeda desvaloriza (aumenta exportações líquidas). Aumento no nível de preços diminui riqueza e reduz consumo, aumenta taxa de juros e reduz investimento, valoriza a moeda e reduz exportações líquidas.

Importante lembrar que assume que oferta de moeda é fixa (mudança na oferta de moeda desloca a curva e a análise aqui é ao longo da curva).

Deslocamentos da Curva de Demanda Agregada

Para determinado nível de preços, alguns fatores podem alterar a demanda agregada por bens e serviços em uma economia — deslocamento da curva. Seguem alguns exemplos de eventos que podem deslocar a curva de demanda agregada.

  • Mudanças no consumo — qualquer evento que altera o consumo das pessoas em dado nível de preços altera a curva. Ex: mudanças nos impostos — corte de impostos incentiva o consumo, curva se desloca para a direita.
  • Mudanças no investimento — qualquer evento que altera o quanto as empresas desejam investir em dado nível de preços. Política fiscal (impostos), ex: taxas cobradas para créditos para investimento. Aumento da oferta monetária →diminui taxa de juros → tomar empréstimos fica mais barato → estimula investimento →curva se desloca para a direita.
  • Mudanças nos gastos do governo — é a forma mais direta que os dirigentes têm de deslocar a curva de demanda agregada.
  • Mudanças nas exportações líquidas — ex.: recessão em países importadores reduz a demanda por exportações a dado nível de preços, deslocando a curva para a esquerda.

A Curva de Oferta Agregada no Longo Prazo

Informa o total de bens e serviços que as empresas produzem e vendem a cada nível de preços. Formato da curva depende do horizonte temporal — no longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical; no curto prazo, a curva é ascendente.

A curva vertical de oferta agregada de longo prazo reflete o modelo econômico clássico.

Curva vertical no longo prazo:

No longo prazo, quantidade produzida (PIB real) é determinada pela oferta de trabalho, de capital e de recursos naturais e pela tecnologia de produção disponível. O crescimento de longo prazo não depende do nível de preços, que é determinado pela quantidade de moeda disponível. Isto porque o volume de dinheiro em uma economia não afeta a tecnologia nem o volume de trabalho, capital e recursos naturais. Independente do nível de preços, a produção, no longo prazo, é a mesma.

Portanto, no longo prazo, o nível de preços não afeta os determinantes do PIB real e a curva da oferta agregada de longo prazo é vertical. No longo prazo, trabalho, capital, recursos naturais e tecnologia determinam a quantidade de bens e serviços ofertados em uma economia, e esta quantidade é a mesma, independente do nível de preços.

A curva de oferta agregada de longo prazo é uma representação gráfica da dicotomia clássica e da neutralidade da moeda. A teoria macroeconômica clássica pressupõe que as variáveis reais não dependem das nominais. E a curva de oferta de longo prazo é consistente com esta ideia, ao implicar que o produto (uma variável real) não depende do nível de preços (uma variável nominal).

O nível de produção de longo prazo é também chamado de produto potencial ou produção de pleno emprego ou taxa natural de produto — nível do produto em que a economia tende a gravitar no longo prazo.

Deslocamentos na curva de oferta agregada de longo prazo são decorrentes de quatro fontes:

  1. Mudanças na oferta de trabalho — ex: imigração aumenta oferta de trabalho, curva se desloca para a direita. ex: taxa natural de desemprego aumenta, produção diminui e a curva se desloca para a esquerda.
  2. Mudanças no estoque de capital — aumentos no estoque de capital aumentam produtividade e quantidade ofertada, desloca a curva para a direita. Pode ser tanto capital físico quanto capital humano.
  3. Mudanças nos recursos naturais — ex: descoberta de novo depósito mineral; mudanças climáticas; mercado internacional de petróleo.
  4. Mudanças no conhecimento tecnológico — uma das mais importantes razões para aumentos do produto é o avanço tecnológico. ex: computadores. Alguns eventos são semelhantes a mudanças tecnológicas, como é o caso da abertura para o comércio internacional, que tem efeitos similares à inovação no processo de produção e pode permitir especialização em indústrias com maior produtividade, deslocando a curva para a direita.

Tendências de Longo Prazo — crescimento e inflação

Pode-se representar o crescimento e a inflação no longo prazo a partir da curva de demanda agregada e da curva de oferta agregada de longo prazo. Muitos fatores influenciam a economia no longo prazo, mas o progresso tecnológico e a política monetária são os mais importantes.

O progresso tecnológico melhora a capacidade de produzir bens e serviços, aumentando o produto (PIB), deslocando a curva de oferta agregada de longo prazo para a direita. Ao mesmo tempo, aumenta a oferta de moeda ao longo do tempo e a curva de demanda agregada também se desloca para a direita. O resultado é o crescimento contínuo do PIB e da inflação. Esta é a análise clássica do crescimento e inflação. Válida somente para o longo prazo.

Flutuações de curto prazo no produto (PIB) e no nível de preços (inflação) representam desvios das tendências contínuas de longo prazo.

A Curva de Oferta Agregada no Curto Prazo

Diferença fundamental entre a economia no curto prazo e no longo prazo é o comportamento da oferta agregada. No longo prazo, a curva é vertical → nível de preços não altera capacidade de produção da economia. Por outro lado, no curto prazo, o nível de preços afeta o produto →um aumento no nível de preços tende a aumentar a oferta de curto prazo.

Inclinação Ascendente:

Três teorias para explicar por que mudanças no nível de preços alteram produto no curto prazo:

  1. Rigidez dos salários — salários nominais demoram a se ajustar às condições econômicas, sendo rígidos no curto prazo. Esta rigidez é atribuída aos contratos, que fixam os salários, e às normas e percepções sociais de salário justo. Salários nominais são baseado na expectativa de preços e não respondem imediatamente quando o nível de preços real é diferente do esperado. Rigidez dos salários incentiva as empresas a produzirem menos quando o nível de preços está abaixo do esperado (custo do trabalho fica maior) e a produzir mais quando os preços estão maiores que o esperado (custo do trabalho diminui). Nível de preços inesperadamente baixo aumenta o salário real, as firmas contratam menos e produzem menos.
  2. Rigidez dos preços — preços se ajustam lentamente a mudanças nas condições econômicas, em parte devido aos custos de ajuste de preços (custo de menu). Queda inesperada no nível de preços deixa algumas empresas com preços maiores que o desejável →diminui as vendas →induz as empresas a diminuírem a produção. Se oferta de moeda e nível de preços aumentam mais que o esperado pelas empresas ao definir os preços de seus produtos, e estas demoram a ajustar seus preços para cima, os preços praticados estarão abaixo do desejado. Preço baixo atrai consumidores, induzindo as empresas a contratar mais (diminui desemprego) e produzir mais. Nível de preços inesperadamente baixo deixa algumas empresas com preços mais altos que o desejável, reduz as vendas e leva as empresas a produzir menos.
  3. Erros de percepção — mudanças no nível geral de preços podem, temporariamente, iludir os ofertantes sobre o que, de fato, está acontecendo no mercado. Se nível de preços aumenta mais que o esperado, produtores podem erroneamente acreditar que seus preços relativos aumentaram, isto é, que seus preços aumentaram mais que os demais preços da economia. A partir desta observação, podem inferir (erroneamente) que a recompensa por sua produção está temporariamente alta, e podem concluir que é uma boa hora para produzir mais, aumentando a oferta. Nível de preços inesperadamente baixo leva alguns produtores a pensar que seus preços relativos caíram, induzindo-os a produzir menos.

As teorias compartilham a mesma lógica: há uma imperfeição de mercado que faz com que o lado da oferta se comporte de forma diferente no curto prazo. A produção ofertada de bens e serviços desvia de seu nível natural de longo prazo quando o nível de preços observado na economia desvia do nível de preços esperado pelas pessoas.

Quando o nível observado está acima das expectativas de preços, a produção aumenta acima de sua taxa natural, mas apenas no curto prazo.

Ao longo do tempo, salários nominais e preços destravam e percepções se corrigem, consistente com a curva vertical de oferta agregada de longo prazo.

Deslocamentos da Curva de Oferta Agregada de Curto Prazo:

Todas as variáveis que deslocam a curva de oferta agregada no longo prazo também deslocam a de curto prazo — mudanças na oferta de trabalho, estoque de capital, recursos naturais e avanços tecnológicos. Adicionalmente, outra razão para o deslocamento da curva de curto prazo é o nível de preços esperado — quando as pessoas mudam suas expectativas sobre o nível de preços, a curva de oferta agregada se desloca.

  1. Mudanças no trabalho — aumento da oferta de trabalho (queda do desemprego) desloca curva para direita.
  2. Mudanças no capital — aumento do capital físico ou humano desloca curva para direita.
  3. Mudanças nos recursos naturais — aumento da disponibilidade desloca curva para direita.
  4. Mudanças na tecnologia — avanço tecnológico desloca curva para direita.
  5. Mudanças na expectativa do nível de preços:
  • Aumento na expectativa de nível de preços reduz oferta — a curva se desloca para a esquerda.
  • Redução na expectativa de nível de preços aumenta oferta — curva se desloca para a direita.

Ex: expectativa de aumento no nível dos preços →empresas e trabalhadores concordam com salários nominais mais elevados →custo de produção aumenta →empresas produzem menos, qualquer que seja o nível de preços realmente observado. A curva de oferta agregada de curto prazo desloca para a esquerda.

Transição do curto prazo para o longo prazo — no curto prazo, expectativas são fixas, a economia está na intersecção entre as curvas de demanda agregada e oferta agregada de curto prazo. No longo prazo, expectativas se ajustam e a curva de oferta agregada de curto prazo se desloca, garantindo que a economia finalmente encontrará o equilíbrio de longo prazo: ponto de intersecção entre a demanda agregada e a oferta agregada de longo prazo (produto natural).

Flutuações Econômicas

Flutuações de curto prazo têm duas causa básicas: deslocamentos na demanda e deslocamentos na oferta agregada.

Para as análises a seguir, assume-se que a economia está inicialmente em seu equilíbrio de longo prazo — produto e nível de preços são determinados pela intersecção entre a curva de demanda agregada e a curva de oferta agregada de longo prazo — neste ponto, produto está em sua taxa natural. A economia está também no equilíbrio de curto prazo, curva de oferta agregada de curto prazo passa pela intersecção — indica que expectativa de preços está ajustada ao equilíbrio de longo prazo (nível de preços esperado é igual ao nível real).

Como analisar flutuações macroeconômicas — quatro passos:

I. decidir se o evento desloca a curva da demanda ou da oferta agregada (ou ambas);

II. decidir a direção do deslocamento;

III. usar o diagrama de demanda agregada e oferta agregada para determinar impacto no produto e no nível de preços no curto prazo;

IV. usar o diagrama para analisar movimento da economia do curto para o longo prazo.

Efeitos do Deslocamento da Demanda Agregada

No curto prazo, deslocamentos na demanda agregada causam flutuações no produto da economia.

No longo prazo, deslocamentos na demanda agregada afetam o nível de preços, mas não o produto.

Exemplo: onda de pessimismo — menor confiança no futuro e alteração de planos das pessoas →domicílios reduzem/adiam gastos; empresas postergam investimentos. Reduz demanda agregada, curva é deslocada para a esquerda. No curto prazo, produto diminui, nível de preços diminui → queda do produto indica recessão. Queda nas vendas e no produto leva a empresas a reduzir emprego (desemprego aumenta) → ou seja, pessimismo sobre o futuro acaba reduzindo renda e aumentando desemprego. Agora, o nível de preços está abaixo do que era esperado antes da queda da demanda agregada. Porém, ao longo do tempo, as expectativas se ajustam à nova realidade e o preço esperado também cai. Esta queda no preço esperado altera salários, preços e percepções, que influenciam a curva de oferta agregada de curto prazo, deslocando-a para a direita → isto permite que a nova demanda agregada encontre novamente a oferta de longo prazo (que não se altera). Atinge-se, portanto, novamente, o equilíbrio de longo prazo — a economia corrigiu a si mesma — produto volta a sua taxa natural e nível de preços caiu o suficiente para compensar o deslocamento da demanda (e as pessoas se acostumaram com o nível de preços mais baixo). Conclusão: no longo prazo, alteração na demanda é refletida totalmente no nível de preços (mas não no produto) — o efeito é nominal (preços menores) e não real (produto permanece o mesmo).

De acordo com a teoria clássica, a moeda é neutra. Mudanças na quantidade de moeda altera apenas variáveis nominais (preço), mas não variáveis reais (produto). No longo prazo, a moeda é neutra; mas, no curto prazo, mudanças na oferta monetária têm efeitos reais!

Severidade das flutuações econômicas pode ser mitigada por meio de políticas públicas (fiscal e monetária) que influenciam a demanda agregada. Uma vez que a demanda tenha caído, o governo pode intervir aumentando os gastos públicos ou a oferta monetária, de modo que a a demanda aumente novamente e produto e emprego não se reduzam tanto e por tanto tempo.

Exemplo de grande contração da demanda agregada: Crise de 1929 (Grande Depressão) — nível de preços caiu, PIB real caiu, desemprego aumentou.

Exemplo recente de grande contração da demanda agregada: crise financeira de 2008 — queda do PIB e do nível de emprego. Políticas para aumentar demanda.

Exemplo de grande expansão da demanda agregada: boom econômico início década 1940 (II Guerra Mundial) — aumento dos gastos do governo, aumento de preços, queda do desemprego.

Efeitos do Deslocamento da Oferta Agregada

Mudanças na oferta agregada podem causar estagflação, que é a combinação de queda no produto (recessão) e aumento nos preços (inflação). Políticas que influenciam a demanda agregada podem, potencialmente, mitigar efeitos adversos no produto, mas ao custo de exacerbar o problema da inflação.

Exemplo: economia está no equilíbrio de longo prazo e, inesperadamente, custo de produção de algumas empresas aumenta →afeta a curva de oferta agregada. Custos de produção mais elevados tornam a produção menos lucrativa, diminuindo a oferta das empresas, para cada nível de preços → a curva se desloca para a esquerda. Assumindo que a demanda permaneça inalterada, no curto prazo, o produto cai e o preço sobe — estagflação.

Segundo a teoria da rigidez dos salários, a estagflação afeta os salários nominais, elevando-os → tanto as empresas quanto os trabalhadores podem responder ao aumento de preços aumentando suas expectativas sobre o nível de preços, concordando com um aumento no salário nominal. Com salários nominais mais elevados, o custo de produção se eleva ainda mais, piorando o problema da estagflação e causando a espiral preço-salário — preços mais altos levando a salários mais altos, elevando ainda mais os preços.

Em algum momento, a espiral preço-salário diminui — baixo nível de produto e desemprego alto tendem a diminuir barganha e salários — salários mais baixos tornam a produção mais lucrativa, aumentando a oferta → curva de oferta agregada desloca para a direita →preços caem e produto sobe, aproximando-se novamente de sua taxa natural.

Políticas monetárias e fiscais podem ajudar a acomodar a oferta agregada, compensando a diminuição da oferta com um aumento da demanda agregada → isto manteria um nível mais alto de produto e de emprego, mas aumentaria o nível de preços de modo permanente.

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Aprendendo sempre uma coisa nova e esquecendo duas antigas

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