Estruturas de Mercado

Caderno de Anotações
20 min readJun 19, 2019

Estruturas de mercado. Mercado é um contexto onde ocorre o comércio de bens e serviços que servem à sociedade. A estrutura de mercado diz respeito à capacidade das empresas de influenciar o preço dos produtos.

Resumo:

Concorrência perfeita:

  • As empresas são tomadoras de preço, por isso a receita é proporcional à quantidade produzida. O preço é igual à receita média e à receita marginal.
  • Para maximizar lucros, a empresa escolhe a quantidade em que a receita marginal é igual ao custo marginal. No mercado competitivo, a receita marginal se iguala ao preço, assim sendo, a empresa escolhe produzir a quantidade em que o preço é igual ao custo marginal. Assim, a curva de custo marginal é a curva de oferta individual da empresa.
  • No curto prazo a empresa não pode recuperar seus custos fixos, ela escolhe fechar temporariamente se o preço estiver abaixo do custo variável médio. No longo prazo a empresa pode recuperar tanto custos fixos quanto variáveis, ela escolhe sair do mercado se o preço estiver abaixo do custo médio.
  • Livre entrada e saída de empresas no mercado conduz os lucros a zero no longo prazo. No equilíbrio de longo prazo, todas as empresas produzem em escala eficiente, o preço é igual ao custo médio mínimo e o número de empresas se ajusta para satisfazer a demanda a este preço.
  • Mudanças na demanda têm diferentes efeitos em diferentes horizontes temporais. No curto prazo, um aumento da demanda aumenta preços e gera lucros e uma queda da demanda reduz preços e gera perdas. Como as empresas podem entrar e sair livremente, no longo prazo, o número de empresas se ajusta para levar o mercado de volta ao equilíbrio de lucro econômico zero.

Monopólio:

  • Monopólio é configurado por uma única empresa em seu mercado. O monopólio surge quando uma única empresa detém um recurso chave, quando o governo fornece direito exclusivo de produção a uma empresa ou quando uma única empresa pode atender todo o mercado a um custo menor que do poderiam várias empresas.
  • Como o monopólio é o único produtos em seu mercado, a empresa possui uma curva de demanda negativamente inclinada para seu produto. Quando o monopólio aumenta sua produção em 1 unidade, o preço diminui, reduzindo a receita obtida com a venda de todas as unidades produzidas. Como resultado, a receita marginal está sempre abaixo do preço do produto no monopólio.
  • Assim como no mercado competitivo, o monopólio maximiza o lucro produzindo a quantidade em que a receita marginal é igual ao custo marginal. Então, escolhe o preço em que esta quantidade é demandada. Diferente do mercado competitivo, o preço de monopólio excede a receita marginal, consequentemente, excede o custo marginal.
  • O nível de produção que maximiza o lucro do monopólio está abaixo do nível que maximiza o excedente total (soma dos excedentes do consumidor e do produtor). Isto significa que quando o monopólio cobra um preço acima do custo marginal, alguns consumidores potenciais não comprar o produto. Como resultado, o monopólio causa peso morto, similar ao causado por impostos.
  • Geralmente, o monopolista pode aumentar seus lucros cobrando preços diferentes para o mesmo produto, baseado na disposição a pagar do consumidor. Esta prática de discriminação de preço pode aumentar o bem estar econômico, chegando a consumidores que de outra forma não comprariam o produto. No caso extremo de uma discriminação de preço perfeita, o peso morto do monopólio é completamente eliminado e todo o excedente gerado no mercado vai para o produtor monopolista. Quando a discriminação de preço é imperfeita, ela pode tanto aumentar quanto diminuir o bem estar, em comparação ao preço único de monopólio.
  • Políticas podem respondem à ineficiência do monopólio de 4 maneiras. Podem usar leis antitruste para tentar tornar a indústria mais competitiva. Podem regular os preços. Podem estatizar o monopólio. Ou, se a falha de mercado é considerada pequena comparada às inevitáveis imperfeições das políticas, podem não fazer nada.

Competição monopolística:

  • Mercado de concorrência monopolística é caracterizado por três atributos: muitas empresas, produtos diferenciados e livre entrada.
  • O equilíbrio na concorrência monopolística difere da competição perfeita de duas maneiras. Primeiro, cada empresa possui excesso de capacidade. Ou seja, opera na parte descendente da curva de custo médio. Segundo, o preço é maior que o custo marginal.
  • A concorrência monopolística não possui todas as propriedades desejáveis da competição perfeita. Existe o peso morto semelhante ao do monopólio, causado pelo preço acima do custo marginal. Adicionalmente, o número de firmas (e a variedade de produtos) pode ser muito grande ou muito pequena. Na prática, a habilidade de usar políticas públicas para corrigir estas ineficiências é limitada.
  • A diferenciação de produtos inerente à concorrência monopolística leva ao uso da publicidade e de nomes de marcas. Críticos da publicidade e das marcas argumentam que as empresas utilizam-as para manipular os consumidores e para reduzir a competição. Defensores argumentam que as empresas utilizam-as para informar os consumidores e para competir mais vigorosamente com base em preços e qualidade.

Oligopólio:

  • Oligopólios maximizam lucros formando um cartel e agindo como um monopólio. Contudo, se os oligopolistas tomam decisões sobre níveis de produção individualmente, o resultado será uma quantidade maior e um preço menor do que no monopólio. Quanto maior o número de empresas no oligopólio, mais a quantidade e o preço se aproximam dos níveis que prevaleceriam na competição perfeita.
  • O dilema dos prisioneiros mostra que o interesse próprio pode impedir que as pessoas mantenham cooperação, mesmo quando a cooperação é de interesse mútuo. A lógica do dilema dos prisioneiros se aplica em muitas situações, incluindo a corrida armamentista, problemas do bem comum e oligopólios.
  • Leis antitruste podem evitar que oligopólios se comportem de maneira a reduzir a competitividade. A aplicação das leis é controversa, pois alguns comportamentos que parecem reduzir a competitividade pode, de fato, ter propósitos comerciais legítimos.

Dois extremos das estruturas de mercado são a concorrência perfeita e o monopólio.

Concorrência perfeita:

É um mercado competitivo, em que uma empresa é pequena em relação ao mercado em que opera — não tem capacidade de influenciar o preço do produto. O preço do produto é ditado pelo próprio mercado.

Adam Smith: “é a concorrência, com cada comerciante tentando vender mais que o outro, que derruba os preços, beneficiando toda a sociedade”.

“O mercador ou o comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem estar da sociedade”.

A concorrência perfeita é uma estrutura de mercado ideal, mas na prática os mercados não funcionam em condições ideais. É muito mais comum encontrar estruturas de mercado imperfeitas (monopólios, monopsônios, oligopólios, oligopsônios, etc.)

Na competição perfeita, os produtos são homogêneos e há diversidade de ofertantes e de consumidores, sendo que estes têm poder de escolha.

Características da concorrência perfeita:

  • há muitos compradores e vendedores no mercado;
  • produtos são homogêneos (indiferenciáveis);
  • existe informação perfeita (ou completa) — consumidores sabem exatamente quais são os preços praticados no mercado;
  • livre entrada de firmas e compradores no mercado.

Determinação dos preços na concorrência perfeita:

  • empresas são tomadoras de preço (não determinam os preços); consumidores também são tomadores de preço.
  • receita total é proporcional à quantidade produzida e vendida (RT=P*Q); receita média é igual ao preço (RM=P*Q/Q); receita marginal corresponde à mudança na receita total resultante da venda de uma unidade adicional e é igual ao preço RMg=P (isto se aplica apenas para empresas em mercados perfeitamente competitivos).
  • P = CMg = CMe (o preço é igual ao custo marginal e ao custo médio) e P = RMg = D (o preço é igual ao custo marginal e igual à receita marginal);
  • implicação — lucros econômico é zero — há remuneração dos fatores de produção.

Oferta e demanda na concorrência perfeita:

  • curva da demanda de mercado é negativamente inclinada (maior o preço, menor a demanda)
  • curva da oferta de mercado é positivamente inclinada
  • ponto de equilíbrio — preço de equilíbrio
  • empresa individual: curva de preço é horizontal, pois a empresa é uma tomadora de preços
  • empresa individual: A curva de demanda é horizontal porque se o preço estiver acima do equilíbrio, não haverá compradores para a empresa individual; se o preço estiver abaixo do equilíbrio, há prejuízo para a empresa
  • curva de demanda individual é horizontal (P = RMg = D) — significa que não há lucro econômico.
  • maximização dos lucros se dá no ponto em que o CMg=RMg, que é equivalente ao ponto de mínimo do custo médio da empresa. Esta regra de maximização de lucros se aplica para todas as empresas em qualquer estrutura de mercado.
  • P=CMg=CMe=RMg=D →porque a empresa é uma tomadora de preços, a receita marginal é igual ao preço.
  • se RMg > CMg, aumentar produção aumenta lucro e vice versa (produzir uma unidade a mais gera mais receita do que custo).

Entrada e saída de empresas na concorrência perfeita:

  • curva de custo marginal da empresa determina a quantidade ofertada para cada nível de preço, portanto, a curva de custo marginal é também a curva de oferta da empresa. Há diferenças no curto e longo prazo.
  • no curto prazo, a empresa paralisa suas atividades quando o custo variável médio é maior que o preço praticado no mercado (P<CVMe). Se o preço não cobre o custo variável médio, a empresa estará em melhor situação se parar de produzir temporariamente (a firma ainda paga custos fixos, mas perderia ainda mais dinheiro se continuasse produzindo)
  • no curto prazo, a curva de oferta da empresa é a curva de custo marginal acima da curva de custo variável médio (CMg>CVMe)
  • no longo prazo, a empresa sai do mercado se o preço for menor do que do que o custo médio de produção (P<CMe)
  • no longo prazo, a curva de oferta da empresa é representada pela parte da curva de custo marginal acima da curva de custo médio (CMg>CMe) — se o preço estiver abaixo do custo médio, a empresa sai do mercado.
  • a entrada de novas empresas no mercado ocorre quando há lucro econômico, ou seja, quando o preço excede o custo médio de produção (P>CMe); quando ocorre o oposto, há saída de empresas do mercado
  • processo de entrada e saída de empresas tende a igualdar custo médio e preço, assegurando lucro econômico zero no mercado competitivo;
  • no equilíbrio de longo prazo, as empresas operam em escala eficiente
  • a curva de oferta de longo prazo é horizontal, no ponto em que o preço é igual ao custo médio mínimo (consistente com lucro econômico zero).
  • Lucro econômico zero: custo total inclui custo de oportunidade, portanto, a receita da empresa deve compensar os custos de oportunidade do investimento — lucro econômico é zero, mas lucro contábil é positivo.

Monopólio:

Uma empresas vende um produtos único e estabelece seu preço; clientes não têm opção de escolha.

Características do monopólio:

  • Um único vendedor e muitos compradores. Ex: energia elétrica
  • Produto único — que não possui equivalentes ou substitutos próximos. Ex: areia
  • Barreiras à entrada de novas empresas no mercado — esta é a causa fundamental da existência de monopólios.
  • Origem da barreira à entrada:
  1. controle da matéria prima (uma única empresa detém um recurso chave para produção);
  2. regulação governamental — governo garante a uma única empresa o direito de vender o bem ou serviço (ex: licença); ou patentes (ex: medicamentos); ou direitos autorais; etc.);
  3. barreiras de ordem econômica ou relacionadas ao processo de produção — são os monopólios naturais (uma única empresa pode ofertar um bem ou serviço a um custo menor que 2 ou mais, devido a economias de escala. ex: energia elétrica, alto investimento inicial).

Quando a empresa é um monopólio natural, o custo médio cai continuamente, devido à economia de escala (nos demais casos, a curva CMe tem forma de U)— como resultado, uma única empresa pode produzir qualquer quantidade a um custo menor e não precisa se preocupar com a entrada de outros competidores.

Determinação dos preços no monopólio:

  • Capacidade de influenciar o preço de seu produto (é a principal característica do monopólio) — tem origem no poder de mercado;
  • Alteração no preço é feita pelo ajuste da quantidade ofertada
  • O preço é maior que o custo marginal: P>CMg (na concorrência perfeita o preço é dado e equivale a P=CMg)
  • O preço também é maior que o custo médio P>CMe, o que significa que o monopólio possui lucro econômico.
  • Os lucros não são ilimitados, pois dependem da demanda (preços mais elevados reduzem as vendas).

Oferta e demanda no monopólio:

  • lado da oferta é representado pelo monopolista, que tem total controle sobre as quantidades ofertadas
  • maximização dos lucros também se dá no ponto CMg=RMg (mesmo que na concorrência perfeita). A diferença é que o preço será maior que o CMg: P>CMg
  • produção e preço: quantidade produzida é dada pela interseção CMg=RMg, após determinar a quantidade, o monopolista então usa a curva de demanda (que está acima) para encontrar o maior preço possível que induzirá os consumidores a comprar aquela quantidade
  • decisão de produção: se a empresa produz abaixo do nível em que RMg=CMg (ou seja, RMg>CMg), há incentivo para aumentar a produção; se a empresa produz acima do nível RMg=CMg (RMg<CMg), há incentivo para diminuir a produção.
  • para que as vendas aumentem, é necessário diminuir o preço. Isto pode acontecer sempre que RMg<P (na concorrência perfeita, o aumento das vendas não depende da redução do preço, pois as empresas são tomadoras de preço (RMg=P); se o preço reduz, a empresa tem prejuízo)
  • na condição de único produtor, o monopolista se baseia na demanda de mercado para determinar seu nível de produção e preço — estratégia de preços depende do comportamento do consumidor.
  • a curva de demanda do monopolista é a curva de demanda do mercado, tem inclinação descendente (na concorrência perfeita, a curva de demanda da empresa é horizontal)
  • quanto mais elástica for a demanda, mais sensíveis ao preço são os consumidores e mais próximo o preço estará do custo marginal. Neste caso, a curva da demanda é mais horizontal, e há menos poder de monopólio
  • se a demanda for menos elástica, os consumidores são menos sensíveis ao preço (ex: gastos hospitalares, energia elétrica) e o formato da curva de demanda é mais vertical; para estas mercadorias, os monopolistas auferem lucros maiores
  • No monopólio não há curva de oferta — o nível de produção é determinado pelo custo marginal e pelo formato da curva de demanda — isto porque o monopolista não é um tomador de preço, ele determina o preço ao mesmo tempo em que escolhe a quantidade produzida — esta decisão é vinculada à demanda.

Custo social do monopólio:

  • Do ponto de vista do consumidor, o preço mais elevado torna o monopólio indesejável
  • Do ponto de vista da empresa, o preço maior torna o monopólio altamente desejável
  • O monopólio leva a uma alocação de recursos diferente dos mercados competitivos e o resultado pode não maximizar o bem estar econômico total. Como o monopolista produz menos que a quantidade socialmente eficiente — a quantidade produzida é menor e o preço é maior — alguns consumidores potenciais não compram o produto →resultado ineficiente.
  • A ineficiência do monopólio pode ser medida pelo triângulo do peso morto: sua área representa o excedente perdido devido à forma como o preço é definido no monopólio
  • segundo a análise econômica, o lucro do monopólio não é necessariamente um problema para a sociedade — o lucro em si representa uma perda de excedente dos consumidores e um ganho no excedente da empresa — para a sociedade como um todo, o lucro não gera perda de excedente.
  • O problema da estrutura do monopólio deve-se ao fato de que a empresa produz e vende a um nível menor do que aquele que maximiza o excedente total — o problema tem origem na quantidade ineficientemente baixa de produção, conectada ao alto preço, que desincentiva alguns compradores.

Discriminação de preços:

O monopolista, devido ao seu poder de monopólio, pode utilizar diferentes estratégias de vendas para maximizar seus lucros, principalmente através da discriminação de preços. O monopolista pode ofertar a mesma quantidade a preços diferentes ou pode vender diferentes quantidades pelo mesmo preço.

  • a discriminação de preços é a prática de vender o mesmo produto a diferentes preços para diferentes consumidores — requer poder de mercado
  • é uma estratégia que maximiza os lucros do monopolista — consegue cobrar de cada consumidor um preço mais próximo de sua disposição a pagar do que seria possível com um preço único;
  • requer a capacidade de separar os consumidores de acordo com sua disposição a pagar;
  • pode aumentar o bem estar econômico — elimina (ao menos em parte) a ineficiência inerente ao monopólio — aumento no bem estar por meio do aumento do excedente do produtor.
  • Exemplos: promoções leve 2 pague 1; meia-entrada; promoções em passagens aéreas; cupons de desconto; bolsas de estudo.

Políticas públicas:

O monopólio possui custos sociais (diminui o bem estar da sociedade), o que justifica a existência de leis de defesa da concorrência (leis antitruste, previne fusões), regulação de preços de certos setores (ex: energia elétrica ou da água), estatização de monopólios naturais (problema é que setor privado tem mais incentivo para reduzir custos do que setor público).

Conclusão:

Comportamento de empresas que têm controle sobre os preços é diferente das empresas em mercados competitivos. O monopolista produz menos que a quantidade socialmente eficiente e cobra preços acima do custo marginal, o que gera um peso morto. Este peso morto pode ser minimizado pela discriminação de preços. Em alguns casos, o poder público deve tomar providências. Em certo sentido, monopólios são comuns, muitas empresas têm algum controle sobre seus preços, já que seus produtos não são idênticos aos oferecidos por outras empresas (ex: marcas). Mesmo assim, é raro que uma empresa tenha substancial poder de monopólio, em geral, este poder é limitado, pois poucos produtos são verdadeiramente únicos e muitos têm substitutos ou similares.

Entre os extremos (concorrência perfeita e monopólio) existem duas estruturas de mercado intermediárias, a concorrência monopolística e o oligopólio.

Concorrência monopolística:

Parece uma concorrência, mas produtos não são homogêneos. Tem características tanto da concorrência perfeita quanto do monopólio.

A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado imperfeita em que várias empresas vendem produtos similares, mas não idênticos — cada empresa tem um monopólio sobre seu produto.

Características da concorrência monopolística:

  • Existem muitas empresas (que competem pelo mesmo grupo de consumidores), cada empresa é pequena em relação ao mercado;
  • Produtos são diferenciados (embora sejam substitutos próximos); as empresas competem vendendo produtos diferenciados, mas altamente substituíveis
  • Cada empresa tem certo poder sobre seus preços, pois o produto oferecido é diferente dos demais; mas o poder de monopólio é limitado. Quanto menor a diferenciação do produto, menor o poder de monopólio.
  • O consumidor tem poder de escolha, mas é uma escolha relativa, dentro do que é apresentado;
  • Não existem barreiras à entrada (é fácil entrar no mercado quando este é lucrativo) — as empresas podem entrar e sair livremente, cada uma produzindo sua própria marca ou seu produto diferenciado; por isso, no longo prazo, o lucro econômico tende a zero.
  • Ex.: praça de alimentação de shoppings — muitas lojas, mas cada uma oferece um produto específico; mercado de refrigerantes, xampus, cervejas artesanais

Oferta e demanda e Determinação dos preços na concorrência monopolística:

  • maximização de lucros também ocorre quando CMg=RMg
  • regra de maximização do lucro da concorrência monopolística segue a do monopólio: a empresa escolhe a quantidade em que CMg=RMg e então usa a curva de demanda para determinar o preço (como os produtos são diferenciados, a curva de demanda da empresa é descendente)
  • há diferenciação de produto e certo poder de monopólio, portanto, assim como no monopólio, o preço é maior que o custo marginal: P>CMg (na concorrência perfeita, P=CMg), significa que o também possui lucro econômico.
  • Mas o lucro econômico ocorre somente no curto prazo. No longo prazo, a lucratividade atrai novos concorrentes, deslocando a demanda de curto prazo da empresa para a esquerda, pois novos concorrentes entraram no mercado, reduzindo sua demanda individual
  • A produção da indústria como um todo aumenta por causa da entrada de novas empresas, mas a produção da empresa diminui em relação à situação de curto prazo
  • No longo prazo não há lucro econômico, pois o preço será igual ao custo médio P=CMe (isto ocorre devido à entrada e saída de empresas)
  • Entretanto, mesmo no longo prazo, o preço continua maior que o custo marginal P>CMg, ou seja, persiste algum grau de poder de mercado.

Ineficiência na concorrência monopolística (longo prazo):

  • na concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio se dá no custo médio CMe mínimo, o que não ocorre na concorrência monopolística
  • O preço acima do custo marginal é uma fonte de ineficiência →peso morto
  • ineficiência de longo prazo na concorrência monopolística é representada pelo peso morto → é o excedente que seria gerado caso o preço se deslocasse até o ponto em que a demanda de longo prazo cruza o custo marginal CMg, ou seja, D=CMg (neste ponto, a quantidade seria maior e o preço menor)
  • há excesso de capacidade — tangência entre a demanda e o custo médio não ocorre no ponto de mínimo do CMe, ou seja, na escala eficiente da empresa. É mais lucrativo operar com excesso de capacidade do que aumentar a produção.
  • margem de lucro acima do custo marginal —condição de lucro econômico zero garante que o preço é igual ao custo médio, mas não garante que o preço se iguala ao custo marginal
  • relação entre preço e custo marginal é a diferença chave entre competição perfeita e concorrência monopolística: há lucro para cada unidade a mais vendida (pois o preço é maior que custo marginal), assim, a empresa estará sempre interessada em conquistar novos consumidores (cada unidade extra vendida representa lucro, pois o preço excede custo marginal).
  • outra ineficiência é que o número de empresas pode não ser ideal — podem haver mais ou menos que o desejável e pode haver muitos ou poucos produtos;
  • não há garantia de que o excedente é maximizado; as ineficiências nesta estrutura são sutis, difíceis de mensurar e difíceis de consertar.

Propaganda:

  • a publicidade é uma característica natural da competição monopolística — empresas vendem produtos diferenciados e cobram preços acima do custo marginal (unidade extra, lucro extra). Portanto, elas têm incentivos para atrair mais compradores para seu produto.
  • Críticas à propaganda: empresas podem manipular gostos e preferências; propaganda pode impedir competição, convencendo os consumidores de que os produtos são mais diferentes do que são na realidade
  • Defesas à propaganda: fornece informação aos consumidores; promove a competição (mais informação sobre preços e bens ou serviços disponíveis); sinaliza qualidade do produto (empresas gastam mais com propaganda quando produto é bom)
  • Em geral, marcas gastam mais com publicidade e cobram preços mais elevados por seus produtos — debate sobre marcas centradas na questão da racionalidade do consumidor. Críticos argumentam que marcas fazem consumidores perceber diferenças que não existem (irracionalidade incentivada pela propaganda). Defensores argumentam que marcas são forma útil de garantir qualidade aos consumidores e incentivam a manutenção de alta qualidade do produto.

Conclusões sobre a concorrência monopolística:

  • Concorrência monopolística é um híbrido entre o monopólio e a competição perfeita.
  • Assim como no monopólio, a curva de demanda é descendente e, como resultado, o preço é maior que o custo marginal.
  • Assim como na competição, há muitas empresas e a entrada é livre, o que faz o lucro tender a zero no longo prazo.
  • Teoria descreve muitos mercados existentes na economia
  • existência de certo poder de monopólio (decorrente da diferenciação dos produtos) implica em preço mais elevado que na concorrência perfeita (observe que a curva D está sempre acima da curva de RMg)
  • se o preço diminuísse até o ponto em que CMg=D, o excedente total aumentaria na magnitude do peso morto
  • apesar de não haver lucro econômico no longo prazo, a empresa não produz no ponto de custo médio CMe mínimo, portanto, há excesso de capacidade instalada e ineficiência → a alocação de recursos não é ótima.

Oligopólio:

Poucas empresas dominando o mercado. Há um número reduzido de empresas ofertando um produto ou serviço. Procura pelo bem/serviço é concentrado nas mesmas empresas. A concorrência pode estar presente em um oligopólio, mas é de forma reduzida. Existe o risco de as empresas se combinarem para influenciar o preço do mercado.

O oligopólio é uma estrutura de mercado imperfeita, em que poucos vendedores oferecem produtos similares ou idênticos. A taxa de concentração é uma medida de dominação do mercado (proporção produzida pelas 4 maiores empresas do mercado).

Ex.: empresas aéreas, transportes coletivos, bancos, telefonia, montadoras

Características do oligopólio:

  • poucos vendedores;
  • produtos similares ou idênticos;
  • interações estratégicas — ações de uma empresa podem ter grande impacto nos lucros de outra empresa.
  • Empresas são interdependentes — uma firma deve considerar como suas decisões afetam as decisões de produção de todas as outras.
  • Análise do oligopólio permite aplicação da Teoria dos Jogos (estudo do comportamento individual em situações estratégicas). Esta teoria é útil para entender o oligopólio, em que poucos jogadores interagem uns com os outros estrategicamente.
  • No oligopólio, há uma tensão entre cooperação e auto interesse — para as empresas, cooperação gera melhores resultados, pois permite que se comportem como um monopólio (colusão e cartel).

O equilíbrio no oligopólio:

  • Se as empresas do oligopólio agirem em cartel, o preço excede o custo marginal e a produção é socialmente ineficiente.
  • Cartel deve concordar com produção total e quantidade produzida por cada membro — cada membro vai desejar parte maior do mercado, pois significa lucros maiores → acordo entre membros é difícil, adicionalmente, leis antitruste proíbem explicitamente o acordo entre oligopolistas quanto a preços e quantidades.
  • Se cada empresa do oligopólio busca seu próprio interesse individual, a quantidade produzida será maior, o preço será menor e o lucro total será menor que o do monopólio.
  • Equilíbrio de Nash: situação em que os atores econômicos interagem uns com os outros, cada um escolhendo sua melhor estratégia, dadas as estratégias que os demais atores escolheram
  • Tensão entre cooperação e auto interesse — oligopolistas estariam em melhor situação se cooperassem, isto permitiria atingir o resultado do monopólio. Como as empresas buscam interesse próprio, elas não atingem a produção e o lucro máximo conjunto de um monopólio.
  • Por sua vez, o interesse próprio não leva o mercado para o resultado competitivo.
  • Conclusão: quando as empreses de um oligopólio determinam individualmente a produção que maximiza seus lucros, elas produzem mais que o nível de produção do monopólio, mas menos que o nível da competição. O preço do oligopólio é menor que o do monopólio e maior que o preço competitivo (na competição, P=CMg).

Tamanho do oligopólio:

  • à medida que o número de empresas aumenta, o mercado oligopolista tende a se assemelhar mais ao mercado competitivo: o preço tende a se aproximar do custo marginal e a quantidade produzida aproxima-se do nível socialmente eficiente
  • Comércio internacional: quando há poucas empresas nacionais em determinada indústria, um dos benefícios do livre comércio é que aumenta o número de ofertantes, aumenta a competição e mantém o preço mais próximo do custo marginal (ex: indústria automobilística).

Teoria dos Jogos e o Dilema dos Prisioneiros:

  • para atingir o resultado de monopólio, as empresas devem cooperar, o que é difícil de estabelecer e manter, mesmo quando desejável.
  • Oligopolistas gostariam de agir como um monopólio, mas o interesse próprio conduz para a competição. História do dilema dos prisioneiros mostra por que oligopólios falham em manter cooperação, mesmo quando esta é de seu interesse.
  • Dilema dos Prisioneiros fornece maior clareza sobre por que a cooperação é difícil →o dilema é um jogo entre dois prisioneiros capturados, que ilustra por que a cooperação é difícil de manter, mesmo quando esta é mutuamente vantajosa.
  • Estratégia dominante: é aquela que é melhor para o jogador, independente da estratégia escolhida pelos outros jogadores.
  • Ex: para os prisioneiros, da perspectiva individual, a melhor estratégia é confessar, pois em cada cenário, o tempo de cadeia é menor — esta é a estratégia dominante. Entretanto, da perspectiva de ambos, a melhor estratégia seria que ambos ficassem em silêncio. Porque cada um persegue seu próprio interesse, o resultado alcançado é pior para ambos.
  • A cooperação é difícil de manter porque, individualmente, esta é uma decisão irracional (contrária à estratégia dominante).
  • Oligopólios têm dificuldade de manter resultados monopolistas (baixa produção, alto preço e alto lucro)— o resultado conjunto é racional, mas cada oligopolista possui um incentivo para trapacear: o interesse próprio

Exemplo: OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) → busca agir em cartel, coordenando produção e preços → frequentemente, países traem acordos e aumentam produção, aumentando sua proporção nos lucros.

Outro exemplo do Dilema dos Prisioneiros:

  • corrida armamentista: armamento é a estratégia dominante para cada país, mas o resultado mais desejável seria o desarmamento de todos (segurança nacional aumentaria para todos)
  • Cooperação entre oligopolistas não é desejável socialmente, pois leva a uma produção muito baixa e um preço muito alto .Falta de cooperação entre oligopolistas é desejável porque aumenta o excedente total. Se oligopolistas não cooperam, a quantidade produzida fica mais próxima do nível ótimo.
  • Leis podem desencorajar cooperação, ao evitar fusões que levariam a um poder de mercado excessivo e proibir que oligopolistas combinem preços e produção.

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Aprendendo sempre uma coisa nova e esquecendo duas antigas