Modelo Keynesiano

Antecedentes — Pilares do liberalismo clássico:

Caderno de Anotações
14 min readJun 19, 2019

Individualismo — indivíduo deve ser livre para buscar seus próprios interesses. É benéfico para a sociedade se cada agente buscar seu próprio interesse, seu próprio lucro.

Livre iniciativa — redução do Estado, livre associação, livre comércio (inclusive internacional), livre negociação. Estado deve ser reduzido e interferir pouco na economia — pouca regulação do Estado para permitir maior competitividade. Ex.: Uber. Livre negociação — salários e preços devem ser livremente negociados (ex. salário mínimo fere o princípio da livre negociação, interfere nos preços).

A partir da interação entre oferta e demanda, a competição entre empresas mantém os preços mais ou menos estáveis — os preços não são muito altos nem muito baixos quando várias empresas competem entre si. Esta é a mão invisível do mercado: os preços vão ser regulados pela interação entre a oferta e a demanda e não porque o Estado determina quanto deve custar um bem ou um serviço. Se a oferta é baixa, o preço tende a subir.

Para o liberalismo, os preços são determinados de forma natural, demonstrando o tamanho da demanda em relação ao tamanho da oferta do bem/serviço.

Defende a não interferência do Estado, porque o mercado se auto regula.

A recessão e, consequentemente, o desemprego são partes naturais do ciclo de negócios. Uma economia oscila, alternando períodos de crescimento, de estagnação e de recessão da economia. No momento de recessão, o desemprego aumenta e o consumo diminui (o poder aquisitivo e o incentivo ao consumo diminuem). Com a queda do consumo, entra em ação o mecanismo de ajuste de preço: os agentes vão buscar baixar o nível de preços, para incentivar o consumo. Isto é feito a partir da renegociação salarial, reduzindo os salários e os preços; a partir disso, os preços caem (deflação). Com preços menores, observa-se uma alta no consumo, derivada do menor nível de preços. As empresas produzem mais, contratam mais e a economia volta ao pleno emprego.

Nos EUA, este modelo funcionou desde o século XVIII até a crise de 1929. O reequilíbrio natural do mercado (mecanismo de ajuste de preço), sem a interferência do Estado, não funcionou na crise de 1929. O que deu espaço para a teoria keynesiana.

Teoria Keynesiana:

Keynesianismo — resposta ao liberalismo clássico, resposta à Grande Depressão (crise de 1929), quando os mercados não voltaram ao equilíbrio, tal qual previsto pelo preceito liberal, de que a economia deveria ser deixada livre e seria capaz de se auto ajustar. De acordo com esta corrente, as políticas fiscal e monetária devem ser usadas como ferramentas no controle da economia.

Doutrina desenvolvida por John Maynard Keynes — nova forma de enxergar o funcionamento da economia. Em períodos de oscilação, defende que o governo tem o dever de fazer alguma coisa — interferência via gastos públicos, contratação de pessoal, investimento em infraestrutura, com o propósito de reaquecer a economia.

Em caso de recessão, a teoria liberal postulava que bastava esperar a reorganização da economia. Porém, até a economia voltar a funcionar, as pessoas podem não sobreviver.

Daí a frase de Keynes: “No longo prazo, estaremos todos mortos”.

Uma das diferenças fundamentais entre a teoria liberal e a keynesiana está no papel do Estado em casos de recessão. Para os liberais, a saída da recessão é o mecanismo de ajuste de preços. Para Keynes, antes desse mecanismo funcionar, há o mecanismo do ajuste de renda.

A recessão gera o desemprego, o desemprego diminui a renda, o consumo e a poupança. Como a poupança diminui, o investimento cai; como o consumo diminui, a produção cai. Neste cenário, a economia não só não volta a crescer, como entra numa espiral descendente — a recessão tende a se aprofundar, ou seja, a economia não volta a crescer sozinha, segundo a perspectiva keynesiana.

Como sair da espiral recessiva? O Estado deve intervir com uma política fiscal ativa de expansão, por exemplo. A política fiscal de expansão ocorre via aumento dos gastos governamentais (ex.: PAC) ou via redução de impostos. A partir desta intervenção, o mecanismo de ajuste de preços poderia funcionar.

Saída da crise de 1929 nos EUA: aumento de obras e empregos públicos — governo bancando obras e contratando empresas, principalmente empreiteiras. As empresas contratam pessoas, aumentando a renda das pessoas, aumentando gradativamente o consumo. Naturalmente, sem a interferência governamental, não haveria saída para a recessão.

O sucesso de políticas keynesianas depende da propensão marginal a consumir. Cada real investido pelo governo é reinvestido na economia, há um multiplicador.

Pensamento de Keynes: dinheiro gasto pelo governo entra na economia e gera fluxos. Multiplicador keynesiano: efeito do gasto do governo é maior do que o montante inicial — gera um valor maior na economia devido à propensão a gastar/consumir.

De maneira geral, considera-se mais eficiente aumentar gastos governamentais do que reduzir impostos — o multiplicador faz com que o gasto governamental gere mais dinheiro para a economia do que o corte de impostos. Também pode haver uma combinação do aumento dos gastos do governo e redução dos impostos. De qualquer forma, ambos significam déficit fiscal — as iniciativas do governo para combater a recessão representam déficit fiscal, o que no keynesianismo não é um problema, pois esta é a saída da crise. Apenas após sair da crise, o governo deve combater o déficit fiscal e reduzir seu tamanho.

6 princípios keynesianos:

  • keynesianos acreditam que desempenho da economia é influenciado por decisões públicas e privadas, que às vezes se comportam de maneira irregular;
  • o curto prazo é importante, as vezes mais importante do que o longo prazo. Aumentos de curto prazo no desemprego podem causar mais danos do que de longo prazo — efeitos de curto prazo podem deixar uma marca mais permanente na economia do país;
  • Preços e salários respondem de forma muito lenta a mudanças na oferta e demanda da economia. Isto significa que o desemprego é maior ou menor que deveria ser.
  • O desemprego é, muitas vezes, alto e volátil; enquanto recessões são doenças econômicas. A recessão não é uma oscilação natural da economia, no sentido clássico.
  • O crescimento econômico acelerado deve ser estabilizado pelo governo. Governo deve minimizar altas e quedas aceleradas da economia.
  • Combate ao desemprego é mais importante do que o combate à inflação.

Teoria geral keynesiana bastante centrada na ideia dos gastos públicos — principalmente sociais, Estado do Bem Estar Social, Social Democracia, etc.

Keynesianismo funcionou bem até a década de 1970, mas começou a ser mais debatido após a crise do petróleo e a chegada de Milton Friedman.

A política fiscal e a política monetária impactam a economia, influenciam a demanda agregada e afetam variáveis macroeconômicas no curto prazo, como o nível de produção e de preços. Em certos casos, estas políticas são utilizadas para compensar alterações na demanda agregada e estabilizar a economia.

Política monetária é a atuação de autoridades monetárias (Banco Central) sobre a quantidade de moeda em circulação, de crédito e das taxas de juros controlando a liquidez global do sistema econômico.

Política fiscal é um ramo da política econômica que define o orçamento e seus componentes, os gastos públicos e impostos como variáveis de controle para garantir e manter a estabilidade econômica, amortecendo as flutuações dos ciclos econômicos.

Como a política monetária influencia a demanda agregada?

A curva de demanda agregada é negativamente inclinada por três razões:

  1. Efeito riqueza — preço menor aumenta valor do dinheiro, estimula consumo e aumenta a demanda.
  2. Efeito taxa de juros — preço menor reduz quantidade de moeda que as pessoas necessitam ter em mãos, excesso é investido na poupança ou títulos, a taxa de juros diminui, o que estimula investimentos, o que aumenta a demanda.
  3. Efeito taxa de câmbio — preço menor reduz taxa de juros, investidores movem fundos para outros países com retornos maiores. Valor da moeda no mercado de câmbio cai, produtos domésticos tornam-se relativamente mais baratos, o que estimula exportações líquidas (importações diminuem), aumentando a demanda.

Os três efeitos ocorrem simultaneamente. Efeito riqueza é o menos importante para demanda agregada e efeito taxa de câmbio é pequeno. Razão mais importante para a inclinação descendente da curva de demanda agregada é o efeito taxa de juros.

Teoria da Preferência pela Liquidez

Ao desenvolver sua teoria sobre as flutuações econômicas de curto prazo, Keynes propôs a teoria da preferência pela liquidez para explicar os determinantes da taxa de juros.

Pessoas têm preferência pela liquidez — escolhem manter dinheiro ao invés de outros ativos que rendem juros, pois dinheiro pode ser usado para comprar bens e serviços.

Esta teoria permite entender melhor a demanda agregada e os determinantes de curto prazo da taxa de juros e, assim, compreender as causas das flutuações de curto prazo e as ações que os governantes podem tomar.

Segundo esta teoria, a taxa de juros se ajusta para equilibrar a oferta e demanda por moeda. A oferta e demanda por moeda dependem da taxa de juros.

Um aumento no nível de preços aumenta a demanda por moeda e aumenta a taxa de juros que conduz o mercado de moeda ao equilíbrio. Como a taxa de juros representa o custo do crédito, uma taxa de juros mais elevada reduz o investimento e, por consequência, a demanda por bens e serviços. A curva de demanda agregada negativamente inclinada expressa esta relação negativa entre o nível de preços e a quantidade demandada.

A Oferta, A Demanda e o Equilíbrio no Mercado de Moeda

  • Oferta de moeda: controlada pelo Banco Central — quando BC compra títulos do governo, oferta de moeda aumenta; quando BC vende títulos, oferta de moeda diminui. Portanto, BC altera a oferta de moeda por meio da compra e venda de títulos públicos. (outras formas são a oferta de crédito aos bancos e taxa de desconto aplicada e a reversa compulsória)
  • Oferta de moeda: é fixada pela política do BC, ou seja, não depende de outras variáveis econômicas.
  • Demanda por moeda: moeda é o ativo mais líquido e pessoas têm preferência por moeda. A taxa de juros é o custo de oportunidade de deter o dinheiro. Um aumento na taxa de juros aumenta o custo de deter moeda, como resultado, reduz a demanda por moeda.
  • Equilíbrio no mercado de moeda: segundo a teoria da preferência pela liquidez, a taxa de juros se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda por moeda no mercado de moeda (taxa de juros de equilíbrio).
  • Exemplo: se a taxa de juros está acima do equilíbrio, pessoas desejarão ter menos moeda do que a quantidade ofertada pelo BC — elas tentarão se livrar do excesso comprando títulos ou depositando na poupança. Emissores de títulos e bancos respondem diminuindo a taxa de juros oferecida. À medida que a taxa de juros cai, as pessoas tornam-se mais dispostas a deter moeda novamente. Taxa de juros cai até o equilíbrio, em que a demanda por moeda das pessoas se iguala à oferta do BC.
  • Exemplo: se taxa de juros está abaixo do nível de equilíbrio, quantidade de moeda desejada pelas pessoas aumenta mais que a quantidade ofertada pelo BC (e a demanda por títulos diminui). Bancos e emissores de títulos aumentam as taxas de juros para atrair os compradores. Como consequência, a taxa de juros aumenta e se aproxima de seu nível de equilíbrio.

O Mercado de Moeda e a Inclinação Negativa da Demanda Agregada:

Implicações da teoria da preferência pela liquidez para a demanda agregada. Nível de preços é um determinante da demanda por moeda, pois as pessoas escolhem deter mais moeda quando o nível de preços aumenta; isto afeta o equilíbrio do mercado de moeda: como a oferta de moeda é fixa (determinada pelo BC), a taxa de juros deve aumentar para manter o equilíbrio entre oferta e demanda por moeda → o que faz com que a a curva de demanda por moeda se desloque para a direita e a taxa de juros aumente.

Aumento da taxa de juros afeta mercado de moeda e também a demanda agregada, pois o custo dos empréstimos aumenta, o que diminui investimentos e consumo.

Aumento no nível de preços aumenta a demanda por moeda, o que aumenta a taxa de juros de equilíbrio (pois a oferta de moeda é fixa) e reduz a demanda agregada por bens e serviços.

Mudanças na Oferta de Moeda

A política monetária pode influenciar a demanda agregada (deslocamentos da curva) e afeta a economia no curto prazo através de sua influência sobre a taxa de juros de equilíbrio (que impacta a demanda por bens e serviços e a produção).

No mercado de moeda, um aumento na oferta de moeda desloca a curva (vertical) para a direita. Como a demanda por moeda (negativamente inclinada) permanece inalterada, a taxa de juros de equilíbrio cai. A menor taxa de juros reduz custos dos empréstimos e retornos da poupança → domicílios aumentam consumo e empresas investem mais. Como resultado, a demanda agregada se desloca para a direita — injeção monetária aumenta demanda e produção.

Uma redução na oferta de moeda aumenta a taxa de juros de equilíbrio e desloca a curva de demanda agregada para a esquerda.

Quando Banco Central aumenta oferta de moeda (política monetária expansionista), a taxa de juros de equilíbrio cai, o que aumenta a quantidade demandada de bens e serviços (curva demanda agregada desloca para direita, produção aumenta e preço permanece inalterado).

Instrumentos do Banco Central: política monetária pode ser descrita tanto em termos de oferta de moeda quanto em termos de taxa de juros. Assim, mudanças na política monetária com o objetivo de expandir a demanda agregada podem ser descritas tanto como aumento da oferta de moeda quanto como redução da taxa de juros. Políticas para contração da demanda demanda agregada podem ser descritas tanto como políticas que reduzem a oferta de moeda como políticas que aumentam a taxa de juros.

Um dos objetivos do Banco Central é estabilizar a demanda agregada, pois instabilidade elevada significa instabilidade nos preços e na produção. Para promover estabilidade, o BC pode contrair/expandir a oferta de moeda ou elevar/reduzir a taxa de juros em casos de crescimento acelerado ou recessão.

Como a política fiscal influencia a demanda agregada?

Política fiscal refere-se ao nível geral dos gastos e dos impostos estabelecido pelo governo. A política fiscal tem influências de longo prazo (poupança, investimento e crescimento). No curto prazo, seu maior efeito é sobre a demanda agregada por bens e serviços.

Mudanças nos Gastos do Governo

Quando o governo altera seus gastos, ele altera a diretamente a demanda agregada. Dois efeitos macroeconômicos fazem com que a alteração na demanda agregada seja diferente da mudança nos gastos do governo: o efeito multiplicador (a alteração na demanda é maior) e o efeito crowding-out (alteração na demanda é menor).

Efeito Multiplicador

Efeito multiplicador — como funciona?

Multiplicador keynesiano é parte fundamental da teoria desenvolvida por Keynes. A partir deste conceito, Keynes conseguiu provar que a aceleração da demanda é superior à elevação da oferta. Neste sentido, a demanda efetiva é a grande variável do sistema capitalista e não a oferta (como defendem os liberais clássicos). Não é a oferta que produz a demanda e sim a demanda que gera sua oferta. Coloca em cheque o pensamento econômico liberal.

Assim como Keynes, também Marx e Malthus já haviam questionado o princípio clássico de que a oferta gera a demanda. Keynes desarticula esta ideia, antes da reação neoclássica, que volta a defender o contrário.

Por meio do efeito multiplicador Keynes prova que a demanda é mais acelerada do que a oferta.

Os gastos do governo têm um efeito multiplicador sobre a demanda agregada porque cada real gasto pelo governo aumenta a demanda agregada por bens e serviços em mais de um real.

Efeito multiplicador

O impacto total na demanda pode ser muito maior que o impulso inicial dado pelo aumento dos gastos governamentais. Há um feedback positivo: a demanda aumenta, a renda aumenta, o que faz a demanda aumentar ainda mais, etc. etc.

Há também o efeito acelerador nos investimentos: aumento dos gastos do governo estimula a demanda por investimentos.

No modelo keynesiano básico, a demanda agregada é composta unicamente pelas demandas de consumo e de investimento.

O multiplicador keynesiano simples M é dado por:

M = 1 / 1-c

Sendo que c é a propensão marginal a consumir — quanto que uma unidade a mais de renda é gasta com consumo. Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior o efeito multiplicador. Efeito multiplicador aumenta quando a propensão marginal a consumir aumenta, porque a população passa a consumir mais. Quanto mais a população consome, maior é a multiplicação econômica.

A lógica do efeito multiplicador pode ser aplicada para qualquer evento que altera um componente do PIB: consumo, investimento, gastos do governo ou exportações líquidas. Uma pequena mudança inicial em qualquer destes componentes pode ter grande efeito na demanda agregada, influenciando o nível de produção (PIB) da economia.

Multiplicador keynesiano completo inclui consumo, investimento, importação e tributação.

M = 1 / (1-c-d+m+t)

Quanto maior a propensão marginal a consumir c, e quanto maior a propensão marginal a investir d ,maior o efeito multiplicador (diminui o denominador da fórmula).

Quanto maior a propensão marginal a importar me quanto maior a alíquota tributária t, menor o multiplicador. A importação tira dinâmica da economia e os impostos reduzem o consumo da população. A tributação corrói o consumo. A consequência é uma menor aceleração econômica, por isso, diminui o multiplicador.

O efeito de crowding-out é negativo → além de estimular a demanda agregada, o aumento dos gastos do governo pode aumentar a taxa de juros, o que tem efeito negativo sobre a demanda.

Mecanismo: compras do governo aumentam a demanda, o que aumenta a renda → aumento da renda causado pela expansão fiscal aumenta a demanda por moeda → se a oferta de moeda permanece a mesma, a curva de demanda por moeda se desloca para a direita →a taxa de juros aumenta, para manter o equilíbrio entre oferta e demanda → maior taxa de juros reduz consumo e investimentos. Efeito: compensa parcialmente o efeito positivo dos gastos do governo sobre demanda agregada.

Mudanças nos Impostos

Nível de tributação é outro importante instrumento de política fiscal.

Cortes nos impostos aumentam consumo, deslocando a curva de demanda agregada para a direita.

Aumento nos impostos tem efeito contrário, reduz consumo e desloca demanda agregada para a esquerda.

Importante determinante da magnitude do efeito de mudanças nos impostos é a percepção sobre o tempo, se a mudança é permanente ou temporária. Se as pessoas esperam que o corte de impostos é permanente, o aumento no consumo será maior, assim como o impacto sobre a demanda agregada.

O Uso de Políticas para Estabilizar a Economia

A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes, é um dos livros econômicos mais influentes. Nele, Keynes enfatizou o papel chave da demanda agregada para explicar flutuações econômicas de curto prazo. Keynes considerou que o governo deve estimular ativamente a demanda agregada quando esta se mostra insuficiente para manter a produção no nível de pleno emprego.

Keynes e muitos keynesianos argumentam que a demanda agregada flutua devido a ondas de pessimismo e otimismo em grande parte irracionais — espírito animal é o termo usado para descrever emoções que influenciam o comportamento humano e podem ser medidas em termos de confiança do consumidor.

As mudanças de atitude são, de certo modo, auto realizadas.

Quando o pessimismo reina, domicílios reduzem consumo e empresas reduzem investimento. Como resultado, a demanda agregada se reduz, a produção diminui e o desemprego aumenta.

Quando o otimismo reina, domicílios e empresas aumentam seus gastos — a demanda agregada aumenta, a produção se eleva e há pressão inflacionária.

Em princípio, o governo pode ajustar sua política fiscal e econômica em resposta a estas ondas de otimismo e pessimismo, e, assim, estabilizar a economia.

ex: pessoas excessivamente pessimistas →Banco Central expande oferta de moeda para diminuir taxa de juros e expandir demanda agregada.

ex: pessoas excessivamente otimistas → política monetária contracionista aumenta taxa de juros e reduz demanda agregada.

Críticas ao keynesianismo:

O governo é mesmo capaz de administrar a economia, melhor do que o próprio mercado? Volatilidade natural da economia é tão ruim e deve ser combatida?

Solução do New Deal é controversa, alguns estudiosos afirmam que só houve melhora devido à Segunda Guerra Mundial.

Argumentos contra o uso de políticas monetária e fiscal para estabilização econômica:

  1. Efeitos são defasados — demoram meses para que mudanças na política monetária tenham efeito sobre produção e desemprego e os efeitos podem durar anos. Política fiscal também demora, pois depende de processos políticos (mudanças nos gastos governamentais e impostos necessitam aprovação do Congresso e Senado).
  2. Reação do Banco Central geralmente tardia — pode acabar sendo causa de mais flutuação.

Estabilizadores automáticos:

São mudanças na política fiscal que estimulam a demanda agregada quando a economia entra em recessão, sem que ações deliberadas tenham que ser tomadas pelo governo.

  1. Sistema tributário — imposto de renda, imposto sobre salários e impostos pagos pelas empresas dependem do nível de renda e de lucros. Como todos os rendimentos caem durante uma recessão, a receita de impostos também diminui. É um sistema automático, que reduz a magnitude das flutuações econômicas, compensando a redução da demanda agregada.
  2. Seguro-desemprego e outros benefícios sociais de suporte de renda — aumenta automaticamente os gastos do governo quando a demanda agregada é insuficiente para manter o pleno emprego.

Estabilizadores automáticos não são capazes de prevenir recessões completamente, mas tornam a produção e o emprego menos voláteis.

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Aprendendo sempre uma coisa nova e esquecendo duas antigas

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